Maré de cocaína: o mistério brasileiro que agita as praias da França
Pequenas cidades no litoral norte da França tiveram um aumento de fluxo de turistas em pleno inverno. Mas quem espera traje de banho como artigo indispensável, são os binóculos que estão sendo utilizados. O que causou isso são pacotes de cocaína trazidos pelo mar.
Um homem fazia caminhada na praia de Dranguet, em Réville, pequena cidade do nordeste francês, e encontrou grandes pacotes cobertos por lona encalhados na areia. Achando estranha a descoberta, o homem decide avisar a polícia. E assim começa o caso da "maré de cocaína" na França.
O que tinha nos pacotes?
A polícia encontrou 800 kg de cocaína. A quantidade era tanta que foi necessário usar um trator para retirá-los da praia, afirmou um investigador ao jornal Ouest-France. Nos dias seguintes, novos pacotes continuaram a ser encontrados ao longo da costa. Em uma semana, a polícia havia recuperado duas toneladas da droga.
Desde então, as cidades da costa norte passaram a perceber uma circulação de visitantes inabituais. Homens jovens, às vezes em grupos, alguns encapuzados, indo às praias durante o dia e também à noite.
"É ganhar na loteria. Você encontra apenas um desses e fica milionário", diz um jovem de cerca de 20 anos em entrevista, sem mostrar o rosto, a uma televisão francesa.
Um quilo de cocaína pode ser vendido a preços que variam entre US$ 70 mil (R$ 360 mil) e US$ 180 mil (R$ 930 mil) no mercado europeu.
A movimentação tem sido chamada de narcoturismo, com alertas aos interessados sobre os crimes cometidos. Segundo o promotor público em Rennes, Philippe Astruc, quem encontra um pacote desses na praia e guarda para si corre o risco de ser condenado a dez anos de prisão e até 7 milhões de euros em multas.
Além disso, as autoridades temem um problema de saúde pública, já que a cocaína encontrada é muito mais pura do que a droga que é comumente encontrada no mercado e pode levar os usuários desavisados à morte.
De onde veio a cocaína
A polícia francesa investiga a origem da droga. Diversos pacotes encontrados estavam presos a coletes salva-vidas de fabricação brasileira.
Pelo fato de boa parte dos pacotes estarem unidos uns aos outros, especula-se uma tentativa de envio a um ponto específico da costa para recepção por grupos de traficantes locais.
Um pescador da região contou ao jornal Ouest-France que o mar ali é conhecido por ter correntes fortes, e que mudam de sentido. Talvez tenham vindo em um barco "que chegou perto da costa à noite, mas não conseguiu desembarcar por causa da maré, e foi forçado a jogar os pacotes no mar", imagina outro pescador.
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