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Israel manda palestinos saírem do norte de Gaza; Hamas fala para ficarem

Escombros em Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, após ataque de Israel Imagem: 13.out.2023-Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Robson Santos

Do UOL, em São Paulo

13/10/2023 01h52Atualizada em 13/10/2023 10h05

A guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas chega hoje ao sétimo dia, com o Exército israelense ordenando que a população saia do norte da Faixa de Gaza dentro de 24 horas.

Mais de 1 milhão de pessoas vivem na região, e a ONU disse temer "consequências humanitárias devastadoras". O Hamas contesta a ordem de Israel e disse que não vai abandonar "nossas terras, casas e cidades".

Em novos ataques, aviões militares de Israel bombardearam um campo de refugiados em Gaza.

O que aconteceu

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) notificaram a ONU para que toda a população palestina ao norte de Gaza se mude para o sul dentro de 24 horas, sugerindo uma provável invasão terrestre da região. Cerca de 1,1 milhão de pessoas moram na área indicada.

As Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras. A ONU apela veementemente para que qualquer ordem deste tipo, se confirmada, seja rescindida, evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia numa situação calamitosa
Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU

Dujarric afirmou que a ordem israelense se aplica a todos os funcionários das Nações Unidas e às pessoas abrigadas em instalações da organização, incluindo escolas, centros de saúde e clínicas.

O porta-voz disse que o aviso foi entregue aos líderes das equipes do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU e do Departamento de Segurança e Proteção da ONU em Gaza.

13.out.23 - Palestinos carregando seus pertences fogem para áreas mais seguras na Cidade de Gaza após ataques aéreos israelenses Imagem: MAHMUD HAMS / AFP

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, rebateu a resposta da ONU.

A resposta da ONU ao alerta precoce de Israel aos residentes de Gaza é uma vergonha! Durante muitos anos, a ONU fez vista grossa ao armamento do Hamas e à sua utilização de populações civis e infraestruturas na Faixa de Gaza para assassinar e para armazenar as suas armas
Gilad Erdan, embaixador israelense

"Agora, em vez de apoiar Israel, cujos cidadãos foram massacrados pelos terroristas do Hamas e que ainda tenta minimizar os danos aos não-combatentes, prega especificamente a Israel", acrescentou Erdan.

O chefe do escritório político e de relações internacionais do Hamas, Basem Naim, disse à Al Jazeera que os palestinos em Gaza não deixariam sua terra natal. "Temos duas opções: derrotar essa ocupação ou morrer em nossas casas", disse .

Israel já impôs um cerco total a Gaza, com:

  • corte de água, eletricidade e gás;
  • fechamento da fronteira no enclave;
  • bombardeio da passagem de Rafah, no Egito, que está temporariamente inutilizável.
Mulheres e crianças se abrigam em centro da ONU na parte sul da Faixa de Gaza Imagem: 13.out.2023-Ibraheem Abu Mustafa/Reuters

Força aérea de Israel ataca campo de refugiados

Os militares israelenses bombardearam um prédio residencial no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza, na madrugada desta sexta-feira (13), matando pelo menos 45 pessoas e ferindo dezenas de outras, segundo os palestinos.

Um ataque aéreo atingiu a casa da família al-Shihab no centro do campo de Jabaliya, disse o porta-voz do Ministério do Interior, Eyad Bozum, à agência de notícias Associated Press. A casa de al-Shihab estava lotada com dezenas de parentes no momento do ataque aéreo, diz Bozum. Alguns membros da família fugiram dos pesados ataques e se refugiaram no local atacado.

Bozum diz que o número de mortos provavelmente aumentará devido ao ataque aéreo, já que os trabalhadores da Defesa Civil ainda estavam retirando corpos dos escombros e contando os mortos.

Tanques do Exército de Israel em formação na fronteira com a Faixa de Gaza Imagem: 13.out.2023-Menahem Kahana/AFP

Brasileiros na Faixa de Gaza

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou nesta quinta-feira (12) ter identificados 20 brasileiros, "em sua maioria mulheres e crianças", interessados em ser retirados da Faixa de Gaza. Alguns deles estão numa escola, onde receberam alimentos, colchões e roupas de cama.

A Embaixada do Brasil em Tel Aviv solicitou formalmente ao governo de Israel que não bombardeie a escola.

O Escritório de Representação do Brasil em Ramala, cidade palestina na Cisjordânia, disse que contratou veículos para levar os brasileiros até a fronteira com o Egito. O transporte será feito "tão logo seja possível a passagem por Rafa", informou o Itamaraty.

O ministério disse ainda que negocia com autoridades egípcias para que a entrada dos brasileiros e de seus familiares vindos de Gaza seja permitida. Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) foi enviado até a Itália e está pronto para resgatar os brasileiros.

Soldado de Israel em destroços de casa no kibbutz Be-eri, no sul do país, após ataque do Hamas Imagem: 13.out.2023 - Amir Cohen/Reuters

Conflito entre Israel e Hamas

O conflito entre Israel e Hamas já dura sete dias e, segundo as informações oficiais divulgadas por autoridades dos dois lados, já deixou pelo menos 2.800 mortos.

O Ministério da Saúde da Palestina fala em mais 1.500 mortos em Gaza, enquanto Israel cita 1.300 mortos nos ataque do Hamas.

Na última terça (10), Israel afirmou ter encontrado 1.500 corpos de membros do Hamas, mas não deu detalhes. Os cadáveres, segundo o governo israelense, estavam no sul do país.

A ONU afirma que os bombardeios israelenses danificaram 12.600 prédios e forçaram mais de 260 mil palestinos a deixarem suas casas. Brasileiros no país relatam que a situação é cada vez mais dramática, porque as fronteiras seguem fechadas e itens como água e comida estão acabando.

Fogo e fumaça em prédios na Cidade de Gaza, em meio à guerra entre Israel e o Hamas Imagem: 13.out.2023-Mahmud Hams/AFP

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