Drones suicidas, mísseis e foguetes: qual a força militar do Hamas?
Desde que conseguiu com certo sucesso burlar o sistema de segurança de Israel com ataques no último sábado (7) levando a centenas de mortes — e sofrendo retaliações no lado palestino que também atingiu civis —, chama a atenção a capacidade militar do grupo extremista Hamas, que atua na Faixa de Gaza, onde comanda desde 2007.
Seus números não são precisamente conhecidos, já que o grupo não divulga esse tipo de informação.
Mas, considerando suas declarações como o próprio disparo de cerca de 5 mil foguetes no sábado, a magnitude desse único disparo já aponta para um aprimoramento do seu arsenal, superior a conflitos anteriores como os de 2014 e 2021.
Variedade
Antes da recente ofensiva contra Israel, o Hamas operava uma variedade de mísseis de longo alcance, segundo a BBC.
Em 2021, o grupo tinha em mãos: o M-75, que avança até 75 km, o Fajr (até 100 km) e o R-160 (até 120 km). Os militantes contavam ainda com alguns M-302s, que chegam ainda mais longe, até 200 km.
Assim, o grupo teria capacidade de atingir tanto Jerusalém quanto a capital Tel Aviv, além da faixa costeira, que concentra maior densidade populacional e infraestrutura.
Os mísseis Qassam
O Hamas possui ainda um vasto estoque de mísseis de menor alcance, como o Qassam, que chega a 10 km, e os Quds 101, que atingem 16 km. O arsenal é reforçado pelos mísseis Grad e Sejil 55, ambos com alcance até 55 km.
O Qassam tem se mostrado o principal armamento do Hamas no momento devido ao seu baixo custo de produção. Esse foguete é uma arma barata construída em garagem, montada a partir de tubulações industriais, combustível de foguete caseiro feito de açúcar e fertilizante de nitrato de potássio, e explosivo comercial, segundo a Forbes.
Esse foguete é caracterizado por ser uma arma rudimentar e ineficaz, mas pequena suficiente para que alguns dos combatentes do Hamas se instalem num trilho de lançamento, disparem o míssil e saiam da área antes que forças de Israel revidem.
Conforme o The Jerusalem Post, relatórios apontavam, em 2021, que um Qassam custasse entre 300 e 800 dólares (cerca de R$ 1.500 a R$ 4.050 reais na conversão para o real). Um valor que não chega nem perto dos custos dos interceptores do Domo de Ferro de Israel, seus sistemas antimísseis com 90% de eficácia, entre R$ 252 mil e R$ 505 mil cada.
Uso de drones suicidas
Ao afirmar que disparou cinco mil foguetes em um intervalo que relatos dizem terem sido de 20 minutos, o Hamas também disse ter lançado 35 drones kamikaze contra alvos em território israelense.
Esses drones são chamados de Al-Zawari (ou Zouari). Segundo a Forbes, é um drone portátil de asa fixa parecido em tamanho ao Russian Lancet. Antes, era visto como um drone de reconhecimento, mas agora foi adaptado para ter uma função de ataque.
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Quero receberComo drones podem voar mais perto do solo, eles acabam sendo bem mais difíceis de serem detectados como os foguetes, que seguem uma trajetória balística própria após o lançamento
Um vídeo sugere que os Zawaris foram lançados de forma simultânea em uma tentativa de sobrecarregar a capacidade das defesas israelenses, assim como ocorreu com os disparos dos foguetes, impedindo a capacidade máxima do Domo de Ferro.
Homens
O número de homens dispostos a guerrear pelo Hamas também não é um número preciso. Em 2021, o The Times of Israel até citou um alto comandante israelense não identificado dizendo que o Hamas tinha um exército de 30 mil homens, número que tinha subido após os conflitos de 2014.
É possível que em 2023 esse número tenha aumentado relativamente com o recrutamento da jovem população Palestina que vive sob seu comando na Faixa de Gaza.
Porém, é um número irrisório frente a Israel que, apenas com seu efetivo atual, tem 169,500 militares ativos e mais 465 mil na reserva, segundo o Balanço Militar 2023 do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres.
Isso faz de Israel uma força militar colossal em comparação ao Hamas, com um dos exércitos mais poderosos do mundo, apoiado por mais de 3,8 bilhões de dólares (cerca de 19,2 bilhões de rais) em ajuda militar anual dos EUA, segundo a Al Jazeera.
Na terça-feira (10), Israel afirmou que 1.500 corpos de integrantes do Hamas foram encontrados em seu território.
Para realizar o ataque de sábado, o grupo militante teria utilizado algumas das suas forças de elite, como a unidade Nakba, que tem entre 3.000 e 5.000 combatentes, falou à NBC News Michael A. Horowitz, analista geopolítico e de segurança, e chefe de inteligência da consultoria Le Beck International.
"Portanto, isso significa que entre metade e cerca de um terço de parte da força de comando de elite do Hamas foi morta", apontou ele.
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