Guerra na Ucrânia hoje: após 600 dias, EUA dão míssil que pode mudar o jogo
Colaboração para o UOL
20/10/2023 12h53Atualizada em 21/10/2023 16h04
A invasão da Rússia à Ucrânia completou, nesta semana, 600 dias. O conflito, que envolve questões geopolíticas históricas passou a ficar meio "esquecido" no noticiário por causa da Guerra entre Israel e Hamas. No entanto, o que acontece no Leste Europeu traz consequências para todo o mundo. E, atualmente, a entrada mais forte dos Estados Unidos no conflito traz preocupações.
O que aconteceu:
Na última terça-feira (17), a Ucrânia iniciou ataques com o míssil balístico MGM-140 ATACMS (Sistema de Míssil Tático do Exército) que foram cedidos pelos Estados Unidos.
Há muito tempo o governo de Volodimir Zelenski pedia que os estadunidenses cedessem o armamento, considerado um dos mais modernos das forças armadas dos EUA.
O míssil tem capacidade para atingir alvos de até 300 quilômetros. Justamente por ter esse poder de fogo e a capacidade de atingir alvos dentro da Rússia que o governo de Joe Biden evitava ceder o armamento.
Contudo, com o avanço das forças russas na região de Donetsk, o governo Biden enviou o armamento para a Ucrânia. No ataque de terça-feira, nove helicópteros russos foram abatidos.
De acordo com a imprensa estadunidense, o ATACMS cedido para a Ucrânia tem um alcance menor, de 200 quilômetros, e custa R$ 7,5 milhões cada unidade.
O uso dos mísseis fez o presidente da Rússia, Vladimir Putin se pronunciar e criticar os EUA. "É claro que isso causa danos e cria uma ameaça adicional. Em segundo lugar, é claro que seremos capazes de repelir esses ataques. Guerra é guerra. Mas o mais importante é que, fundamentalmente, não tem a capacidade de mudar a situação no front. Esse é outro erro dos EUA", disse o líder russo em coletiva de imprensa realizada na China.
Rússia busca avançar em Donetsk
Dias antes dos primeiros ataques dos mísseis ATACMS, a Rússia lançou uma ofensiva na região de Donetsk, que tem 55% do território ocupado pelos russos desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.
A ofensiva foi uma resposta a uma tentativa de avanço da Ucrânia na região, que iniciou em junho com o apoio de armamento da Alemanha e treinamento da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O movimento russo surtiu efeito, com os principais comandantes ucranianos dizendo publicamente que a situação na região era complicada.
"A situação piorou significativamente", disse o general Oleksandr Sirskii, chefe das forças terrestres ucranianas.
Ucrânia destrói armamentos na Crimeia
Em outro front da guerra, os ucranianos fizeram um ataque na região da Crimeia, que está anexada pela Rússia desde 2014. O objetivo da operação foi destruir equipamentos russos que ficam à beira-mar.
Segundo a imprensa internacional, serviu para estimular os ucranianos que vivem na Crimeia a continuarem mobilizados contra a Rússia.
Guerra tem fim?
Nenhum dos lados sinaliza um prazo para o fim da guerra. Mas, em artigo publicado no jornal francês Le Figaro, o general americano reformado Ben Hodges, ex-comandante-chefe das forças terrestres da Otan na Europa, disse que o conflito irá acabar quando Putin perceber que não há chances de vitória. "Putin interromperá a guerra quando perceber que vai perdê-la."
Na visão de Hodges, o ponto chave para o fim da guerra é o controle da Crimeia. "Quem controlar a Crimeia será o vencedor do conflito", escreveu o general.
Putin admite publicamente que aceita iniciar uma negociação para o fim do conflito. Mas, pondera que, para isso, a comunidade internacional precisa aceitar a anexação da Crimeia e de alguns outros territórios por parte da Rússia.
A Ucrânia rejeita essa proposta e diz que só aceitará o fim do conflito quando os russos deixarem a Crimeia e outras áreas ocupadas desde o início da guerra. (Com agências internacionais)