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'É impiedoso': médico da Cruz Vermelha em Gaza conta rotina de atendimentos

Tom Potokar, médico da Cruz Vermelha que atua na Faixa de Gaza Imagem: Reprodução de vídeo - 13.nov.2023/X/@ICRC

Do UOL, em São Paulo

13/11/2023 22h08

Um médico da Cruz Vermelha que atua na Faixa de Gaza publicou um relato dos atendimentos no local, que recebe os civis atingidos pelos ataques israelenses no enclave palestino: "É impiedoso", diz o cirurgião ao contar a rotina de um dia no hospital.

O que aconteceu

O relato do cirurgião-chefe Tom Potokar foi feito diretamente do Hospital Europeu de Gaza, localizado na parte norte —alvo prioritário de Israel no momento.

"Só podemos fazer o melhor que pudermos", lamentou o médico ao contar a história de um paciente que perdeu toda a família. O jovem palestino chegou com 40% do corpo queimado, e os profissionais da saúde se encontraram em uma "encruzilhada" para operá-lo, relatou.

Se não operarmos, ele morre de sepse. Se fizermos, ele pode morrer por perda de sangue, por infecção permanente na ferida, por hipertensão, etc. Não há sangue no hospital para ele, que é o que ele precisa. Só podemos fazer o melhor que pudermos.
Tom Potokar, médico da Cruz Vermelha em Gaza

O médico contou a admissão de seis novos pacientes nas horas em que a equipe tratava dos outros. "Infelizmente, é apenas impiedoso".

Colapso dos hospitais

O vice-primeiro ministro da Saúde do governo do Hamas disse que "todos os hospitais ao norte da província de Gaza" estão fora de funcionamento. Os combates entre as forças israelenses e o Hamas vêm se intensificando em torno dos estabelecimentos desde sexta-feira (10), na cidade de Gaza, que estão sem eletricidade e combustível para os geradores.

No domingo (11), milhares de pessoas ficaram retidas no hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. O edifício foi alvo de disparos e ataques que, segundo o Hamas, destruíram os departamentos de cardiologia, cirurgia e cirurgia ambulatória.

O Exército israelense acusa o Hamas de utilizar os hospitais como centros de comando ou esconderijos, o que o grupo extremista nega.

A situação piora também pela falta de combustível. O reservatório da agência da ONU para refugiados palestinos em Gaza secou e, dentro de alguns dias, a UNRWA não poderá mais reabastecer hospitais, remover resíduos e fornecer água potável, disse hoje o comissário-geral Philippe Lazzarini, chefe da agência.

A UNRWA está abrigando cerca de 800.000 pessoas, ou cerca de metade da população total de habitantes de Gaza que fugiu de suas casas desde o início da campanha militar israelense, há mais de um mês, em resposta aos ataques mortais do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

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