Reunião entre Fernandez e Milei pode decidir destino de Massa na Argentina

Uma reunião entre o atual presidente da Argentina, o peronista Alberto Fernandez, e o novo presidente da Argentina, o ultra-direita Javier Milei deve acontecer nesta segunda-feira (20), um dia após o resultado da eleição mais importante da Argentina dos últimos 40 anos, que deu vitória ao economista do partido Liberdade Avança.

Massa pode renunciar?

Após a vitória de Milei, Alberto Fernandez cumprimentou Javier Milei por telefone e o convidou para uma reunião, hoje, 20, a fim de negociar a transição de governo. O atual presidente tem interesse que a transição seja "a mais ordenada possível" e dessa forma se possa "minimizar os danos sobre a população".

O que se especula, desde ontem, é uma possível renúncia do peronista Sérgio Massa, candidato derrotado nas eleições, que é o atual Ministro da Economia. Fontes ligadas ao ministro, no entanto, negam.

Milei diz que renúncia de Massa seria irresponsável. Javier Miliei afirmou ser "de uma irresponsabilidade enorme diante da grave crise econômica deixar o cargo a essa altura. Ele deveria se responsabilizar pelo desastre que fez", declarou em referência ao peronista.

Feriado adia reação do mercado. Esta segunda-feira, 20, é feriado nacional na Argentina e por isso as operações do mercado local não estão operando, o que adiará a cotação do dólar paralelo, conhecido como "dólar blue". É essa cotação que determina os preços dos produtos e serviços na Argentina. A expectativa da população é saber, afinal, a quanto estará cotizado o dólar amanhã, 21. Na última sexta-feira, 17, o valor do dólar oficial fechou em 370 pesos e o dólar blue em 950 pesos.

Clima nas ruas de Buenos Aires

A festa da militância de Milei foi até o início da madrugada, na região central de Buenos Aires. A maioria gritava "vamos Javier" e "nosso presidente". Os manifestantes se concentraram essencialmente em frente ao Hotel Libertador, onde se formou o bunker de Campanha de Milei, e no Obelisco, no centro da capital. "Estou feliz, feliz, feliz. Não há nada mais que possa pedir", disse uma apoiadora que segurava um livro de sobre Javier Milei, com o título "Javier Milei, o caminho dos libertários". Hoje, 20, é feriado na Argentina.

Apoiadora de Milei segura livro sobre o candidato após vitória
Apoiadora de Milei segura livro sobre o candidato após vitória Imagem: Amanda Cotrim

Entre o grupo político do candidato derrotado Sergio Massa há um "choque" pela vantagem do partido Liberdade Avança em relação ao União Pela Pátria. Isso porque as últimas pesquisas eleitorais apontavam empate técnico, com uma ligeira vantagem de Milei. No entanto, o resultado foi uma vitória de quase 12 pontos de vantagem e o domínio do partido do candidato de ultra-direita em todo o país.

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Vitória foi esmagadora. Javier Milei venceu em 21 províncias, mais a Cidade Autônoma de Buenos Aires das 23 províncias totais. Uma vitória esmagadora, com participação de 76% dos mais de 35 milhões de eleitores. A vitória mais larga de Milei foi na província de Córdoba, com mais de 74% dos votos contra 26%. Massa venceu apenas na província de Buenos Aires 50.7% contra 49,3%, porém perdeu na Capital por 57% a 42%, e na Província de Santiago Del Estero, com 68% contra 31%

Porcentagem de Milei é semelhante a de Bolsonaro. Analistas políticos da Argentina compararam a semelhança do resultado das urnas do segundo turno entre Javier Milei e Sergio Massa com a eleição de segundo turno do Brasil, em 2018, com Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Na Argentina, Javir Milei obteve 55,7% contra 44.3% , enquanto no Brasil Bolsonaro teve 55,2% contra 44.8% de Haddad.

Vice de Milei relativiza crimes da ditadura militar


Vice-presidente equipara crimes da ditadura a de grupos contrários ao regime. A vice-presidente eleita, do partido Liberdade Avança, Victoria Villarruel, disse ontem, 19, após a vitória de seu companheiro de partido Javier Milei, que defende os direitos humanos, "inclusive de pessoas que foram mortas", segundo ela, por "grupos guerrilheiros", referindo-se à última ditadura civil-militar argentina, de 1976 a 1983, equiparando os crimes praticados pelos governos militares durante a ditadura argentina com ações de grupos armados contrários ao regime.

Em setembro, Victoria chegou a comandar uma homenagem ao que ela classificou como "outras vítimas" do, em suas palavras, "terrorismo promovido por organizações guerrilheiras antes do golpe militar de 1976". Durante a campanha presidencial, ela também declarou que fecharia o Museu da Memória, de Buenos Aires, que é uma referencia para a memória história da ditadura.

Vice Presidente eleita, Victoria Villarruel, compara crimes da ditadura militar à violência urbana após vitória eleitoral
Vice Presidente eleita, Victoria Villarruel, compara crimes da ditadura militar à violência urbana após vitória eleitoral Imagem: Amanda Cotrim
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Ela ainda comparou a violência urbana atual com os crimes do governo militar. "A mim me interessa que os direitos humanos sejam reconhecidos a todos. As pessoas que são vítimas da insegurança pública e do narcotráfico, merecem justiça", comparou. Victoria Villarruel é de família de militares e nega os sequestros, assassinatos e tortura do governo militar e também os 30 mil desaparecidos. Ela chegou a dizer que se Milei fosse presidente, seu governo fecharia o Museu da Memória, espaço de referência sobre esse período sombrio da história Argentina.

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