Referendo na Venezuela pela anexação de Essequibo tem 96% de apoio
Do UOL, em São Paulo
04/12/2023 03h36Atualizada em 04/12/2023 10h57
Em referendo, os venezuelanos aprovaram com 96% dos votos, neste domingo (3), as cinco questões elaboradas pelo governo garantindo apoio a Nicolás Maduro para a anexação à Venezuela da região de Essequibo, que fica na Guiana.
O que aconteceu
O presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela, Elvis Amoroso, anunciou que a participação popular foi "esmagadora" e ultrapassou os 10,5 milhões de votos para "Sim". Existem mais de 20 milhões de eleitores elegíveis no país.
Informamos ao povo da Venezuela o esmagador número que ultrapassa os 10.554.000 votos, número que aumentará com a prorrogação que foi concedida porque ainda há venezuelanos que exercem o seu voto
Elvis Amoroso, presidente do poder eleitoral
Na Venezuela, as seções de votação abriram às 6h, horário local (7 horas em Brasília), e permaneceram abertas até as 20h (21h em Brasília). O prazo para votar foi prorrogado por duas horas.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, votou num quartel militar. "Estamos votando para garantir o respeito à Venezuela", assegurou.
Após o resultado das urnas Maduro expressou que foi um dia "histórico" com um resultado "esmagador". "O povo da Venezuela falou alto e bom som para lutar", completou ele.
Conseguimos, o referendo foi realizado e foi um sucesso total para o nosso país e para a nossa democracia. Uma vitória esmagadora do voto sim em toda a Venezuela, com um nível de participação significativo
Nicolás Maduro
Maduro declarou para que estava na Praça Bolívar, em Caracas —capital da Venezuela— que o resultado da votação deste domingo é "uma etapa histórica para lutar para recuperar o que os Libertadores nos deixaram: La Guayana Esequiba".
Impasse na Corte Internacional de Justiça
Eleitores na Venezuela rejeitaram a jurisdição da Corte Internacional de Justiça sobre a disputa territorial do país com a Guiana e apoiaram a criação de um novo estado na região de Essequibo, potencialmente rica em petróleo.
Na sexta-feira (1º), o CIJ, o mais alto órgão judicial da ONU, ordenou a Caracas de "se abster de fazer qualquer ação que pudesse mudar o status quo no território disputado", sem mencionar o referendo.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, disse que a decisão da CIJ na sexta-feira proíbe a Venezuela de "anexar ou invadir o território da Guiana".
Na capital Georgetown algumas pessoas expressaram alívio após a decisão da Corte Internacional de Justiça. Entretanto, a votação deste domingo causou ansiedade na Guiana, com o governo pedindo aos cidadãos para manterem a calma.
Brasil preocupado
O presidente Lula declarou também este domingo na COP28, em Dubai, que espera que "o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e da Guiana".
"Há um referendo, que provavelmente levará ao resultado desejado pelo Maduro. Mas se há uma coisa que o mundo não precisa, que a América do Sul não precisa, é de agitação", disse o presidente brasileiro.
Nos últimos dias o governo brasileiro reforçou suas tropas na fronteira e afirmou estar "preocupado" com o "clima de tensão".
Com RFI e Reuters