Conteúdo publicado há 5 meses

"Votamos para garantir respeito à Venezuela", diz Maduro sobre plebiscito para anexar região da Guiana

Os eleitores venezuelanos votam neste domingo (3) em referendo sobre a província de Essequibo. Um território rico em hidrocarbonetos que pertence à Guiana, embora seja reivindicado pela Venezuela.

Na Venezuela, as seções de votação abriram às 6h, horário local (7 horas em Brasília), e permaneceram abertos até as 20h (21h em Brasília). O resultado será conhecido na segunda-feira (4).

O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, votou num quartel militar. "Estamos votando para garantir o respeito à Venezuela", assegurou.

Segundo Caracas, o rio Essequibo constitui a fronteira natural entre a Venezuela e a Guiana, como na época da colônia. A província de 160.000 km² representa mais de dois terços da Guiana e nela vivem cerca de 125.000 pessoas, ou um quinto de sua população.

Território venezuelano

Atribuído à Guiana - então colônia britânica - por decisão judicial em 1899, Essequibo ainda aparece nos mapas venezuelanos como parte integrante de seu território. A província também é rica em hidrocarbonetos e reservas significativas de petróleo foram descobertas pelo grupo americano ExxonMobil em 2015.

No referendo organizado no domingo, os eleitores devem responder cinco questões, uma das quais diz respeito efectivamente à integração desta região ao território venezuelano.

Uma afirmação que tem verdadeira legitimidade histórica, explica o especialista venezuelano Thomas Posado à RFI. "Este território é verdadeiramente venezuelano, foi verdadeiramente tomado pelos ingleses. Em 1899, na corte de Paris, houve uma fraude contra a Venezuela. Ao mesmo tempo, pertence à Guiana e é difícil ver o Estado da Guiana abrir mão de 60% do seu território", diz.

Em outras palavras, mesmo que vença o voto a favor da anexação de Essequibo ? que é praticamente certo ? parece difícil imaginar uma solução rápida para o conflito. As autoridades venezuelanas, no entanto, sublinharam que não procuram um motivo para invadir a área, como temem os guianenses.

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Mas Nicolás Maduro poderia pelo menos obter um sucesso eleitoral, mobilizando os venezuelanos numa questão que é unânime no país, um ano antes da próxima eleição presidencial.

Brasil preocupado

O presidente Lula declarou este domingo na COP28, em Dubai, que espera que "o bom senso (prevaleça), do lado da Venezuela e da Guiana".

"Há um referendo, que provavelmente levará ao resultado desejado pelo (presidente venezuelano Nicolás) Maduro. (...) Mas se há uma coisa que o mundo não precisa, que a América do Sul não precisa, é de agitação", disse o presidente brasileiro. O governo brasileiro reforçou suas tropas na fronteira nos últimos dias e disse estar "preocupado" com o "clima de tensão".

Na sexta-feira (1º), o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), o mais alto órgão judicial da ONU, ordenou a Caracas de "se abster de fazer qualquer ação que possa modificar a situação no território disputado", sem mencionar o referendo.

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