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Após anúncio de megadecreto, argentinos protestam em Buenos Aires

Manifestantes protestam em frente ao Congresso Nacional em Buenos Aires Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Amanda Cotrim

Colaboração para o UOL, em Buenos Aires

21/12/2023 02h27Atualizada em 21/12/2023 12h07

Após o anúncio de Javier Milei sobre o megadecreto de reformas trabalhistas, privatizações e desregulação da economia, milhares de pessoas marcharam em direção ao Congresso Nacional, de modo espontâneo.

O que aconteceu

Idosos, algumas crianças e jovens gritaram "a pátria não se vende" em referência ao decreto de necessidade de urgência (DNU), que tem 365 artigos. "Aqui não tem bandeira de partido político. É espontâneo. Viemos defender nossos direitos", disse um manifestante.

Não houve registro de confronto com a polícia, que acompanha os manifestantes sem intervenção. Havia um clima de tensão após o Ministério da Segurança divulgar na semana passada um decreto que permite intervenção da polícia e a identificação por meio de câmeras de segurança e drones de manifestantes que bloqueiam ruas.

De acordo com parte dos manifestantes, houve um início de confusão com um grupo que defendeu o presidente. Essas pessoas foram expulsas do protesto pela maioria, contrária ao governo.

Buenos Aires teve panelaços na noite desta quarta-feira (20) durante e após pronunciamento de Milei, que anunciou o "megadecreto" para recuperação econômica do país. Protestos foram gravados em vários bairros da capital argentina. Além do panelaço, houve buzinaço. Após a fala do presidente, que durou 15 minutos, o movimento durou mais de meia hora.

Restringir manifestação de rua

Na manhã desta quarta-feira, Milei divulgou uma foto nas redes sociais com o aviso: "Quem bloqueia, não recebe". A mensagem era uma referência ao anúncio da ministra do Capital Humano, Sandra Pettovello, na segunda-feira (18), que afirmou que a pasta cortará benefícios de quem participar de atos que bloqueiem vias públicas.

Por volta das 16h, cerca de 10 mil manifestantes, de acordo com dados da polícia, divulgados pelo jornal Clarin, protestaram na Casa Rosada. O ato foi organizado por movimentos de esquerda e sindicatos para lembrar os 22 anos da maior crise econômica da Argentina —a crise de 2001—, mas acabou se transformando em um ato contra as medidas econômicas de Milei.

Para o protesto do fim da tarde, um grande efetivo de segurança foi armado. O objetivo era fazer com que os manifestantes não descumprissem o decreto do Ministério de Segurança e marchassem em colunas até a sede do governo.

O presidente acompanhou o primeiro protesto na sede da polícia. A imprensa argentina diz que ao menos três pessoas foram detidas, incluindo um menor liberado logo depois. Um agente teve o rosto ferido.

Os manifestantes se concentraram em frente à Casa Rosada, sede do governo. Entre os gritos entoados pelo grupo, estavam "Fora, Milei e seu ajuste", "Temos direito a nos manifestarmos" e "Milei, lixo, você é a ditadura".

Após o protesto na Casa Rosada, Milei publicou nas redes sociais um vídeo. Ele classificou a marcha como um fracasso.

Decreto precisa passar pelo Congresso, diz governador de Buenos Aires

O governador de Buenos Aires, o peronista Axel Kicillof escreveu nas redes sociais que Milei deu as costas à divisão dos poderes ao anunciar um decreto que pretende revogar um conjunto de leis, propondo "a privatização de tudo, destruindo direitos dos trabalhadores, arrasando com cadeias completas de produção, vendendo os clubes de futebol e o patrimônio argentino".

"Tudo isso sem passar pelo Congresso que deve discutir em sessão", afirmou o governador. "Só faltou dizer: Fora democracia", finalizou o peronista.

Uma das leis que podem ser revogadas, de acordo com o super decreto, é a lei de aluguel. De acordo com o governo, revogar a lei de aluguel é uma forma de destravar a relação entre proprietários e inquilinos.

Em resposta, o coletivo "Inquilinos Agrupados", uma das maiores organizações de moradia da Argentina, afirmou que haverá um protesto contra o super decreto de Milei.

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