Bênção não é matrimônio: o que o Vaticano decidiu sobre casais homossexuais
O Vaticano autorizou nesta segunda-feira a bênção a casais de pessoas do mesmo sexo e "em situação irregular" para a Igreja. O documento aprovado pelo papa, no entanto, deixa clara a oposição ao casamento homossexual.
O que aconteceu
Os padres católicos romanos podem, a partir de agora, dar bênção aos casais de pessoas do mesmo sexo. Os sacerdotes também poderão se recusar a dar a bênção. O documento afirma que os padres não devem impedir ou proibir que "pessoas em todas as situações" possam procurar "a ajuda de Deus através de uma simples bênção".
Há uma ampla explicação do que seria "uma bênção", no documento divulgado. Mas o texto reforça que as pessoas que procuraram a bênção dentro das igrejas não podem ser sujeitas a "uma análise moral exaustiva" como pré-condição para recebê-la.
É possível abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo, de maneira que não seja fixada ritualmente pelas autoridades eclesiásticas, para não criar confusão com a bênção específica do sacramento do matrimônio.
Documento do Dicastério para a Doutrina da Fé
O documento deixa claro que a decisão não é o mesmo que autorizar casamento entre casais "irregulares" ou do mesmo sexo. O texto reforça que o matrimônio "está diretamente ligado à união específica de um homem e uma mulher".
A orientação foi divulgada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, órgão mais importante da Santa Sé em termos de teologia e herdeiro da Santa Inquisição.
Assunto polêmico para Igreja
Esta é a primeira vez que a Igreja abre tão claramente o caminho à bênção dos casais do mesmo sexo. Em 2021, o Vaticano reafirmou que considera a homossexualidade um "pecado" e confirmou a impossibilidade de casais do mesmo sexo receberem o sacramento do casamento.
No entanto, Francisco tem tentado tornar a Igreja mais acolhedora para as pessoas LGBTQIA+, desde sua eleição em 2013, mas sem alterar a doutrina moral.
Em agosto deste ano, o papa disse que a Igreja Católica "está aberta a todos, inclusive aos homossexuais", ressaltando que "então cada um escolhe Deus a seu modo". No mesmo mês, o pontífice disse que transexuais também são "filhas de Deus".
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