Vídeos mostram desespero e correria em universidade invadida no Equador
Do UOL, em São Paulo
10/01/2024 10h42
Vídeos publicados nas redes sociais mostram tumulto na Universidade de Guayaquil (270 km de Quito), invadida na tarde de ontem por grupos armados em meio à onda de violência no Equador.
O que aconteceu
Imagens mostram professores e estudantes correndo e gritando pelos corredores, tentando encontrar abrigo. Uma foto publicada no X (ex-Twitter) mostra uma pilha de cadeiras contra uma porta, para impedir a entrada dos criminosos.
Universidade não se pronunciou sobre o ocorrido. Apesar de ter publicado comunicados ontem dizendo que as aulas e atividades administrativas acontecerão online, a instituição não mencionou o episódio.
Ainda não há informações sobre as possíveis vítimas.
Invasão teria acontecido no mesmo dia em que homens armados entraram no estúdio de um telejornal que estava sendo transmitido ao vivo.
O que está acontecendo no Equador?
O presidente Daniel Noboa assinou ontem um decreto de emergência por 60 dias, o que permite o uso do Exército contra grupos de criminosos ligados ao narcotráfico e ao crime organizado.
Antecessor de Noboa, Guillermo Lasso, já tinha declarado medida semelhante sem obter muito resultado. Noboa assumiu a Presidência em novembro do ano passado, tendo como principal bandeira o combate à violência nas ruas e nas prisões.
O país está sob estado de exceção desde o último domingo (7), quando o homem mais perigoso do país fugiu da prisão. É José Adolfo Macías Villamar, apelidado de Fito, líder da facção criminosa Los Choneros e condenado a 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e homicídio. Ele estava preso desde 2011.
Fito é suspeito de ter tramado o assassinato do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio, em agosto do ano passado.
Outro chefe de facção fugiu ontem. Fabricio Colón Pico, da facção Los Lobos, havia sido preso na última sexta (5) sob suspeita de participar de um sequestro e de tramar um plano para assassinar a chefe do Ministério Público.
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador se transformou em reduto do narcotráfico. Em 2023, o país de 17 milhões de habitantes registrou mais de 7,8 mil homicídios e a apreensão de 220 toneladas de droga.
Confrontos entre presos deixaram mais de 460 mortos desde 2021, e a taxa de homicídios nas ruas saltou quase 800% entre 2018 e 2023, indo de 6 para 46 mortes para cada 100 mil habitantes - no Brasil, essa taxa era de 23,4 em 2022.
*Com AFP e Deutsche Welle