Governo da Argentina desiste de mudanças fiscais em pacote enviado à Câmara
Do UOL*, em São Paulo
26/01/2024 20h27Atualizada em 26/01/2024 21h39
O ministro da Economia argentino, Luis Caputo, anunciou na noite desta sexta-feira (26) que o governo desistiu das mudanças fiscais presentes no megapacote enviado à Câmara dos Deputados.
O que aconteceu
Caputo disse que a retirada do capítulo fiscal do projeto facilitará a tramitação. "O que não queremos é que algo que consideramos necessário e urgente seja adiado por causa deste capítulo fiscal", afirmou.
Serão removidos pontos sobre os seguintes temas: lavagem de dinheiro, reforma no cálculo de pensões e aumento de impostos.
O ministro, entretanto, reforçou que vai seguir em busca do equilíbrio fiscal. "Isso não significa, de forma alguma, que vamos abandonar nosso compromisso de alcançar o equilíbrio fiscal, nossa meta de déficit zero", explicou Caputo.
O recuo acontece após reunião do governo com congressistas. "Os ouvimos, tivemos reuniões, concordamos com essas reivindicações. Como posso não compreender um governador que quer proteger os interesses da sua província?", disse o ministro.
A Câmara dos Deputados irá debater o megapacote na próxima terça-feira (30), segundo o jornal argentino La Nación.
Caputo também confirmou que irá assumir o Ministério da Infraestrutura após a saída de Guillermo Ferraro. O ministro também disse que seria "inevitável" cortar os recursos enviados às províncias, caso as mudanças fiscais não sejam discutidas no Congresso.
Turbulências
A desistência da parte fiscal do megapacote acontece em uma semana marcada por turbulências na Argentina.
Uma greve geral no país levou dezenas de milhares de pessoas às ruas na quarta-feira (24), apesar da adesão de trabalhadores dos setores público e privado ter sido parcial. A Argentina teve o maior ato contra medidas do presidente Javier Milei desde o início do governo, em dezembro.
Segundo o Ministério da Segurança, 40 mil pessoas estiveram nas ruas de Buenos Aires, mas as centrais sindicais do país falam em até 600 mil.
No dia seguinte, veio à tona a notícia da demissão do ministro da Infraestrutura. O governo teria alegado que demissão foi motivada após um vazamento de informações de uma reunião no gabinete argentino.
*Com Reuters