Caso Begoleã: Holanda estipula internação e pagamento de multa a brasileiro
Do UOL, em São Paulo
08/02/2024 14h25Atualizada em 08/02/2024 15h27
O brasileiro Begoleã Fernandes, que matou o amigo Alan Lopes em Amsterdã no ano passado, será internado para tratamento psicológico.
O que aconteceu
A Justiça holandesa determinou a internação do brasileiro para tratamento psiquiátrico. O governo da Holanda pagará pelo tratamento, que não tem tempo determinado. A decisão, a qual o UOL teve acesso, é desta quinta-feira (8), mas cabe recurso.
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Begoleã também deverá indenizar a família da vítima. A mãe de Alan, Antonia Lima, deve receber 27.601,35 euros - o equivalente a R$ 147.258,72, na cotação atual. O pai da vítima receberá 17.500 euros - aproximadamente R$ 93.366.
Transferência ao Brasil foi negada. Tribunal considerou que repatriar Begoleã ao Brasil não é possível devido à "gravidade da desordem e o perigo que representa".
O Ministério Público da Holanda já havia pedido a internação do brasileiro. Uma perícia médica apontou que Begoleã desenvolveu um delírio paranoico em relação à vítima, convencendo-se erroneamente de que Alan era canibal e iria matá-lo. Foi esse delírio, identificado como esquizofrenia, que teria motivado o homicídio.
Apesar do homicídio comprovado, Begoleã terá todos os processos judiciais excluídos. Apesar de reconhecer que o crime foi premeditado, a Justiça decidiu que o assassinato não pode ser atribuído a ele devido a um "distúrbio médico".
"Com base nesta conclusão dos peritos e no tratamento na audiência, o tribunal é de opinião que o tratamento psiquiátrico governamental é o quadro mais adequado para tratar eficazmente o suspeito e proteger a sociedade", diz a decisão da Justiça.
Irmã de Alan fala em "alívio". Kamila Lopes disse ao UOL que esta decisão era o que a família esperava "por saber que ele é uma pessoa doente".
"Estamos mais aliviados, e seguindo um passo de cada vez. Porque sabemos que o Alan não teve culpa de nada e foi vítima de uma paranoia do Begoleã", afirmou.
O UOL procurou a irmã de Begoleã e o advogado dele na Holanda para posicionamento. Caso tenha retorno, esta nota será atualizada.
Relembre o caso
Begoleã foi preso no aeroporto de Lisboa. Ele tentava viajar para Belo Horizonte, aconselhado pela mãe. A sua roupa tinha vestígios de sangue e havia carne em sua mala.
Na ocasião, ele disse que carregava carne para provar que Alan seria "canibal". Depois, em buscas na casa da vítima, a polícia holandesa concluiu que toda a carne encontrada na casa de Alan era de origem animal.
Begoleã foi descrito pelas autoridades holandesas como "perigoso, psicótico e com treino de artes marciais". A avaliação consta em documento encaminhado para a Justiça de Portugal.
O processo provou que Begoleã pesquisou na Internet "pena de morte nos Países Baixos". Ele também disse a uma testemunha que mataria Alan Lopes.
O brasileiro matou o amigo com mais de 100 facadas, segundo o Ministério Público da Holanda. Alan foi ferido na cabeça, pescoço e tórax, e também em outras partes do corpo.
Nas redes sociais, Begoleã indica ser natural de Matipó (MG) e se define como um "gênio louco, 2% gênio e 98% louco". Ele também mostra interesse por MMA, história e tocar guitarra.
Alan morava com a família na Holanda há 7 anos. Na residência, viviam ele, a mãe e uma irmã mais nova, de 5 anos. Begoleã frequentava sempre a casa da família Lopes, onde teria passado muitas noites, acolhido por Alan, por não ter "moradia fixa";