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Blinken se reúne por 2 horas com Lula, mas não faz cobrança sobre fala

Do UOL, em Brasília

21/02/2024 11h12Atualizada em 21/02/2024 18h54

O presidente Lula (PT) e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se reuniram hoje no Palácio do Planalto, em meio a divergências sobre o conflito na Faixa de Gaza, mas não fez cobrança sobre as falas recentes do brasileiro.

O que aconteceu

O encontro durou uma hora e 50 minutos. Na pauta, estiveram assuntos bilaterais, que incluem uma proposta de aceleração de empregos nos dois países, e, claro, o conflito. Apesar da boa relação com o presidente norte-americano, Joe Biden, Lula tem criticado a posição norte-americana na guerra.

Não houve cobrança. Havia uma expectativa no Planalto de que a fala de Lula que relacionou os ataques israelenses ao Holocausto fosse mencionada, mas, segundo relatos de pessoas ligadas ao governo, os dois conversaram sobre o conflito, expondo pontos diferentes de vista, mas não teve qualquer menção em retratação por parte do norte-americano.

Ao sair da reunião, Blinken disse que o encontro foi "ótimo" e que os dois países "estão fazendo coisas muito importantes juntos". Esta é a primeira visita do secretário ao Brasil no mandato de Lula, que já se encontrou com Biden duas vezes nos Estados Unidos. O encontro foi acompanhado pelo assessor especial Celso Amorim e pela embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley.

Foi ótima reunião. Sou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Os Estados Unidos e o Brasil estão fazendo coisas muito importantes juntos, estamos trabalhando bilateralmente, regionalmente, mundialmente. É uma parceria muito importante e somos gratos pela amizade.
Antony Blinken, após encontro com Lula

Outro assunto abordado foi a Venezuela. Blinken expressou preocupação sobre as eleições no país comandado por Nicolás Maduro, aliado de Lula, e as ameaças de invasão. O presidente brasileiro o acalmou e disse que a situação não deverá escalar para violência.

Vizinho de ambos, o Brasil tem sido um dos principais observadores da situação. Lula vai à Guiana na semana que vem para a reunião da Caricom (Comunidade e Mercado Comum do Caribe), mas também deverá acompanhar o cenário.

Blinken ainda disse que os EUA estudam realizar novo aporte para o Fundo Amazônia. Segundo o Planalto, ainda falaram sobre a cooperação dos dois países na área ambiental, transição energética, fóruns empresariais e de infraestrutura.

Lados opostos do conflito

Os Estados Unidos vetaram pela terceira vez na ONU a proposta de cessar-fogo entre Israel e Hamas. O país é o principal apoiador internacional de Israel, dando inclusive financiamento militar. Já o Brasil defende essa medida no Conselho de Segurança desde o início da guerra.

O país também criticou ontem (20) a fala de Lula. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse que seu governo "obviamente" discorda da declaração.

Os EUA foram o único país a usar o poder de veto entre os membros do Conselho de Segurança da ONU para impedir a proposta de cessar-fogo em Gaza. Mesmo composto por 15 países, a posição norte-americana é suficiente para vetar a resolução, apresentada desta vez pela Argélia.

Os norte-americanos já haviam vetado uma proposta brasileira em outubro, o que arrancou críticas públicas do governo. "A nossa preocupação foi sempre humanitária nesse momento e, enfim, cada país terá tido sua inspiração própria", afirmou o chanceler Mauro Vieira, após a decisão.

Oficialmente, Blinken veio ao país para participar de reuniões do G20 no Rio e parou em Brasília. Lula deve ir ao evento, presidido pelo Brasil, na sexta-feira (23).

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