EUA vetam pela 3ª vez cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU

Os Estados Unidos usaram seu poder de veto para rejeitar uma resolução de cessar-fogo na Faixa de Gaza proposta durante reunião de hoje no Conselho de Segurança da ONU.

O que aconteceu

Composto por 15 membros, o Conselho recebeu 13 votos favoráveis à resolução, uma abstenção (Reino Unido) e o voto contrário dos EUA. O voto contrário da representação americana é suficiente para vetar a resolução porque os Estados Unidos são um dos cinco membros permanentes do Conselho, os únicos com direito a veto.

Esta é a terceira vez que os EUA usam o seu poder de veto para barrar um cessar-fogo em Gaza. Uma delas foi proposta pelo Brasil em outubro do ano passado.

A proposta de cessar-fogo foi apresentada pela Argélia. Primeira a falar, a representação argelina afirmou que votar contra a resolução implicara "em uma brutal violência contra os palestinos".

"Votar contra a resolução é um voto contrário ao sonho de uma vida melhor", disse Amar Bendjama, porta-voz argelino. "Hoje, cada palestino é um alvo para morte, extermínio e genocídio."

Segundo a falar, a representação dos EUA rejeitou a resolução. A justificativa foi que um cessar-fogo nos termos propostos pela Argélia —que não condenou o ataque terrorista do Hamas— atrapalharia as negociações de paz discutidas pelos Estados Unidos, Egito e Catar.

Nós queremos esse acordo o mais rápido possível, mas, às vezes, a diplomacia precisa de mais tempo.
Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU

Depois das falas, os 15 membros do Conselho votaram. Como a representante americana confirmou seu voto contrário, a resolução foi rejeitada.

Membros do Conselho de Segurança da ONU se reuniram para votar resolução sobre Gaza
Membros do Conselho de Segurança da ONU se reuniram para votar resolução sobre Gaza Imagem: Bryan R. Smith / AFP
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"Hipócrita"

Após a manifestação americana, alguns países falaram. A China disse estar "desapontada" com a votação, mas as críticas mais incisivas partiram da Rússia.

Os Estados Unidos votaram três vezes contra o cessar-fogo para dar tempo à diplomacia. Hipocrisia que não ajuda em nada porque o objetivo [americano] não é ter paz [em gaza], mas [defender] sua própria agenda política.
Vasily Nebenzya, representante da Rússia na ONU

EUA querem outra resolução

Apesar de rejeitar a resolução da Argélia, os EUA negociam outra proposta de cessar-fogo. O jornal americano New York Times teve acesso ao rascunho de uma resolução para interromper o conflito "temporariamente".

O texto alerta Israel contra uma invasão por terra à cidade de Rafah, no sul de Gaza, onde milhões de palestinos se refugiam. O projeto diz que uma grande ofensiva terrestre prejudicaria os civis e poderia deslocá-los para países vizinhos.

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A sugestão americana inclui a liberação de todos os reféns mantidos pelo Hamas. Segundo as Forças Armadas de Israel, 134 israelenses permanecem em cativeiro. O texto pede ainda o fim das barreiras à distribuição de ajuda humanitária em Gaza.

Um funcionário dos EUA disse ao jornal que a proposta está em estágios iniciais de negociações. Já a resolução da Argélia foi costurada por três semanas e sugeria a interrupção da guerra por três meses.

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