Entre viagens e luxo, influencer é pega 'dando' milhões para mísseis russos
Colaboração para o UOL
23/02/2024 04h00
A influenciadora digital russa-canadense Kristina Puzyreva se declarou culpada por participar de um esquema que enviou milhões de dólares em produtos eletrônicos dos EUA para a Rússia usar na guerra contra a Ucrânia.
Quem é a influenciadora?
Kristina Puzyreva tem 32 anos e é natural de Montreal, no Canadá. De origem russa, ela foi presa no final do ano passado em um hotel em Nova York, sob a acusação de violar as sanções dos EUA ao exportar milhões de dólares em tecnologia para a Rússia. Com ela, foram apreendidos US$ 20 mil (R$ 100 mil) na ocasião.
No Instagram, Puzyreva compartilhava conteúdo sobre viagens, moda e sua vida de luxo. Entre os destinos já visitados por ela, estavam países como EUA, México, Colômbia, Portugal, França, Espanha e Itália. A última publicação na rede social foi feita em 21 de outubro de 2023.
Agora, Puzyreva se declarou culpada por lavagem de dinheiro como parte do esquema de evasão de sanções que também envolveu outras duas empresas. Com a ajuda do marido, Nikolay Goltsev, ela comprava e enviava ilegalmente eletrônicos para a Rússia.
Posteriormente, esses componentes eletrônicos e circuitos integrados enviados para a Rússia foram encontrados no campo de batalha na Ucrânia. Itens foram descobertos em plataformas de armas russas e equipamentos de inteligência, inclusive em mísseis guiados e drones.
Também foram presos na operação Nikolay Goltsev, marido de Puzyreva, e Salimdzhon Nasriddinov. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a influenciadora e o marido viajaram várias vezes para se encontrar com Nasriddinov nos EUA. Durante essas viagens, Puzyreva usou inúmeras contas bancárias para fazer transações financeiras em prol do esquema.
O esquema envolveu milhões de dólares em transações e foi lucrativo para os réus. "Kristina Puzyreva e os seus co-réus alegadamente compraram e enviaram milhões de dólares em produtos eletrônicos de origem norte-americana para apoiar o Kremlin nos seus ataques contínuos à Ucrânia. Sua conspiração para lavagem de dinheiro estava diretamente ligada a 298 remessas de tecnologia restrita, avaliadas em US$ 7 milhões (R$ 35 milhões), para o campo de batalha russo", diz um comunicado do Departamento de Justiça norte-americano.
Puzyreva pode pegar até vinte anos de prisão. Ao lado de outros órgãos dos EUA, o FBI também está investigando o caso, chamado de "sofisticado esquema de controle de exportação e evasão de sanções" pelo Departamento de Justiça.