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Agência da ONU acusa Israel de torturar detidos por confissão sobre o Hamas

Funcionários teriam sido coagidos a confessar sobre o suposto envolvimento da UNRWA com o Hamas Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

04/03/2024 18h53Atualizada em 04/03/2024 18h56

A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) acusou autoridades israelenses de terem torturado alguns de seus funcionários detidos na Faixa de Gaza. Segundo a UNRWA, as vítimas foram coagidas a fazer confissões sobre o suposto envolvimento da entidade com o Hamas.

O que aconteceu

Confissões falsas foram usadas para espalhar 'desinformação'. A porta-voz da UNRWA, Juliette Touma, disse em comunicado que os relatos foram obtidos por Israel "sob tortura" e estavam sendo utilizados para disseminar mentiras, em mais uma tentativa de desmantelar a UNRWA. As informações foram divulgadas pelo jornal The New York Times e pela emissora CNN.

Vítimas citam espancamentos, privação de sono e abusos sexuais. Também houve ameaças de violência sexual contra homens e mulheres, e alguns dos detidos teriam morrido enquanto estavam sob custódia dos militares israelenses. A CNN não conseguiu confirmar as acusações, mas já documentou relatos semelhantes sobre os abusos cometidos contra presos palestinos.

Denúncias fazem parte de um relatório feito pela UNRWA. O documento obtido pelo NYT e pela CNN relata vários casos de abusos físicos e psicológicos cometidos por Israel contra palestinos detidos em Gaza durante a guerra. Neste grupo, estão 21 funcionários da UNRWA — alguns dos quais confirmaram ter sido espancados e ameaçados. Os casos teriam acontecido entre meados de dezembro e fevereiro.

Israel diz que tortura 'viola valores' do Exército. Questionado pela CNN, o Exército israelense não comentou sobe as acusações da UNRWA, especificamente, mas disse que os maus-tratos contra presos durante o tempo de detenção ou interrogatórios são "absolutamente proibidos". O órgão ainda afirmou que as mortes de detidos estão sendo investigadas pela Polícia Militar.

Alguns de nossos funcionários informaram às equipes da UNRWA que foram obrigados a confessar sob tortura e maus-tratos. Estas confissões falsas foram feitas em resposta aos interrogatórios sobre a ligação entre a UNRWA e o Hamas e o envolvimento no ataque contra Israel, em 7 de outubro [de 2023].
Juliette Touma, porta-voz da UNRWA, em comunicado

Israel x UNRWA

Israel acusou 12 funcionários da UNRWA de ligação com o Hamas. O governo israelense disse que esses colaboradores tiveram envolvimento com o ataque de 7 de outubro de 2023. Israel também afirmou que 12% dos cerca de 13 mil funcionários da agência são membros do Hamas ou de outros grupos palestinos. A UNRWA demitiu dez dos 12 funcionários acusados — outros dois foram mortos.

Segundo a ONU, Israel ainda não apresentou provas. A única informação que a entidade dispõe se refere aos dados apresentados por Israel há mais de um mês, no final de janeiro. Um documento revelado hoje por Jamil Chade, colunista do UOL, mostra como Israel tenta inviabilizar ajuda na Faixa de Gaza.

Após denúncia, países suspenderam envio de dinheiro à agência. Estados Unidos, Japão e França são alguns dos 18 países que cortaram o financiamento à UNRWA depois das acusações de Israel, o que afetou as receitas da agência. O Brasil não está neste grupo — e, mais recentemente, começou a analisar a possibilidade de fazer novas contribuições à UNRWA.

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