Após apelo de aliados, Israel deve atacar o Irã 'no momento certo'
Depois de um telefonema do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e do apelo do G7, da ONU e de países do Oriente Médio, Israel decidiu não retaliar imediatamente o ataque com drones e mísseis pelo Irã. O revide só deve acontecer "no momento que nos convier", afirmou o ministro do Gabiete de Guerra de Israel, Benny Gantz.
O que aconteceu
Israel deve fortalecer a "aliança estratégica e a cooperação regional", disse o ministro em comunicado. Ele diz considerar que o Irã não é apenas um perigo para Israel, mas "um problema global". "Ontem, o mundo esteve unido a Israel", afirmou, segundo o site de notícias Times of Israel.
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Gantz atribuiu à "aliança estratégica" o sucesso em abater os mísseis iranianos. "A aliança estratégica e o sistema de cooperação regional que construímos (...) precisam ser fortalecidos precisamente agora", escreveu.
Construiremos uma coligação regional e cobraremos o preço ao Irã da forma e no momento que nos convier. E o mais importante: face ao desejo dos nossos inimigos de nos prejudicar, iremos nos unir e no tornar mais fortes.
Benny Gantiz, ministro
Países pediram calma a Israel
Foi o presidente dos Estados Unidos quem convenceu Netanyahu a não retaliar imediatamente o Irã. Joe Biden conversou por telefone com o líder israelense logo após o lançamento dos mísseis e drones, diz reportagem do New York Times. O pedido freou o ímpeto do gabinete de guerra israelense, que já estaria pronto para o revide.
O argumento de Biden foi que o ataque não provocou graves danos a Israel. O país diz ter interceptado 99% dos mais de 300 projéteis disparados por Teerã. Uma base da força aérea israelense no sul do país foi levemente atingida, e uma menina de 7 anos foi hospitalizada após ferimentos por estilhaços.
Chefes de Estado, Otan (aliança militar ocidental) e o G7 apelaram contra a escalada. "É essencial que o conflito no Oriente Médio não se torne incontrolável", escreveu a Otan.
Líderes de Alemanha, França, Reino Unido, EUA, Canadá, Japão e União Europeia pretendem discutir o tema. A Itália, que preside o G7, pediu "prudência" a Israel.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, recomendou "o fim imediato das hostilidades". Já o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, alertou "a todas as partes de suas obrigações de acordo com a lei humanitária internacional".
O papa Francisco pediu que Teerã e Tel Aviv não espalhem o conflito pelo Oriente Médio. "Chega de guerra, chega de atentados, chega se violência. Sim ao diálogo, sim à paz", afirmou no Vaticano.
A Turquia chegou a ligar para o Irã. O país "não quer uma nova escalada de tensão na região após o ataque de drones e mísseis do Irã contra Israel", disse hoje, por telefone, o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, a seu colega iraniano, Hossein Amir-Abdollahian.
China e Rússia se uniram aos apelos. Eles pediram "calma" e a resolução da tensão pelas "vias políticas e diplomáticas".
Países árabes também pediram "contenção". Foi o caso de Egito, Catar, Arábia Saudita e Jordânia.
Apesar de conter Netanyahu, Biden defendeu Israel publicamente. "Reafirmo o firme compromisso dos EUA com a segurança de Israel", disse.
Fim da operação?
O Irã afirmou que encerrou a operação contra Israel. O ataque de ontem "atingiu todos os seus objetivos" e Teerã não tem "nenhuma intenção" de manter a operação, afirmou o chefe das Forças Armadas iranianas, Mohammad Bagheri.
O presidente iraniano, porém, fez novas ameaças. Ebrahim Raïssi afirmou que, em caso de "comportamento imprudente" de Israel, a próxima operação será ainda maior.
Irã não quer enfrentar Israel, dizem analistas e diplomatas. A forma como o ataque foi realizado, com "lentidão e alertas", mostraram que o Irã não quer e não pode enfrentar o poderio militar israelense, explicaram ao UOL negociadores ocidentais no Oriente Médio.
O ataque foi uma resposta ao bombardeiro que o consulado iraniano sofreu em Damasco, na Síria, em 1º de abril. O episódio terminou com uma alta autoridade da Guarda Revolucionária iraniana morta.