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Quem foi o 'Schindler britânico' que salvou 669 crianças dos nazistas

Nicholas Winton, de 105 anos, tinha apenas 29 anos em 1939 quando conseguiu oito trens para levar 669 crianças ? a maioria delas judias ? da Tchecoslováquia quando eclodiu a Guerra. Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL*

26/05/2024 04h00

Nicholas Winton, conhecido como o "Schindler britânico", salvou quase 700 crianças, na grande maioria judias, dos campos de extermínio nazistas pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.

Quem foi Nicholas Winton?

Filho de pais descendentes de judeus alemães, Nicholas Winton nasceu em 1909, em Londres.

Viagem a Praga, na então Tchecoslováquia. No final de 1938, quando era apenas um jovem funcionário da Bolsa de Londres, Winton foi para Praga a convite de Martin Blake, um amigo que trabalhava na embaixada britânica, com o intuito de realizar trabalhos comunitários e ajudar o povo judeu na cidade. Na época, parte da Tchecoslováquia já havia caído nas mãos dos nazistas e campos de refugiados já haviam sido criados.

Com a iminente invasão nazista no país, Winton descobriu que, enquanto partidários britânicos estavam se empenhando em resgatar intelectuais e judeus comunistas, as crianças eram esquecidas. A partir disso, ele decidiu agir para uma evacuação em massa.

Winton organizou, entre março e agosto de 1939, a pedido das famílias, a partida de oito trens com 669 crianças rumo à Grã-Bretanha. Para isso, ele criou uma agência, da qual ele era o único funcionário, como parte do Comitê Britânico para Refugiados da Tchecoslováquia, e começou a procurar por casas e fiadores para mil crianças.

Sua tarefa era impedir que crianças da então Tchecoslováquia fossem levadas a campos de concentração nazistas. Aproximadamente 20 crianças foram levadas ao Reino Unido de avião, mas depois que o Exército nazista chegou à capital tcheca, o transporte ferroviário se tornou a única opção.

Oito trens com um total de 669 crianças deixaram Praga com destino ao Reino Unido no período que antecedeu ao início da Segunda Guerra. Um nono trem, com 250 crianças, partiria em 3 de setembro daquele ano, mas, nesse dia, a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha. O trem foi bloqueado, e nunca mais se ouviu falar dessas crianças. Embora muito mais crianças foram salvas a partir de Viena e Berlim, os esforços de Winton são particularmente notáveis dado as limitações financeiras e de recursos.

Já durante a guerra, ele serviu na Força Aérea Real (RAF, na sigla em inglês). Após o término do conflito, continuou a trabalhar com muitas instituições de caridade, incluindo organizações que fornecem lares para idosos.

Winton manteve silêncio sobre seu gesto por quase meio século. A história dele veio à tona há quase 50 anos, quando sua mulher, Greta, encontrou no sótão da residência do casal um álbum fotográfico e documentos referentes ao período em que seu marido esteve em Praga.

Condecorado e descrito como 'Schindler britânico'

O senhor passou a ser chamado de "Schindler britânico" — uma referência a Oskar Schindler, o empresário alemão que salvou centenas de judeus poloneses durante a Segunda Guerra mundial e foi imortalizado no filme "A Lista de Schindler".

Ordenado cavaleiro pela então rainha Elizabeth 2ª no final de 2002, Sir Nicholas Winton recebeu muitos outros prêmios por seus atos, incluindo a Ordem Tomas Garrigue Masaryk (uma das mais altas distinções tchecas) em 1998 e o título de "Herói britânico do Holocausto ", em 2010.

Winton morreu em julho de 2015, aos 106 anos. A notícia foi dada pela própria família. Segundo o genro dele, Stephen Watson, Winton morreu tranquilamente enquanto dormia no hospital Wexham, em Slough, ao oeste de Londres.

*Com Deutsche Welle e AFP

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