'Justiça chegou', 'fiz meu trabalho': as reações após a condenação de Trump
Do UOL*, em São Paulo
30/05/2024 20h38Atualizada em 30/05/2024 21h29
"A Justiça chegou" e "venceu as eleições" foram algumas das reações de democratas e republicanos após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, do Partido Republicano, ser condenado pela Justiça norte-americana por 34 acusações de fraude contábil nesta quinta-feira (30).
O que aconteceu
O democrata Joe Biden afirma que "só há uma maneira de manter Donald Trump fora do Salão Oval: nas urnas". No X (antigo Twitter), o presidente norte-americano escreveu a mensagem e divulgou o link da página para doações para a sua campanha.
Procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg disse que "a única voz que importa é a voz do júri". Ao New York Times, ele disse: "fiz meu trabalho, nós fizemos nossos trabalhos".
Porta-voz da campanha de Biden diz que um segundo governo Trump seria o "caos". Em comunicado, Michael Tyler escreveu que uma nova gestão do republicano poderá "destruir as liberdades dos americanos e fomentar a violência política —e o povo americano irá rejeitá-lo em novembro", acrescentou.
Deputado democrata Adam Schiff fala que "Estado de Direito prevaleceu". "Apesar dos seus esforços para distrair, atrasar e negar —a Justiça chegou para Donald Trump da mesma forma."
Já o parlamentar democrata Eric Swalwell chamou o ex-presidente de um "criminoso condenado". "Este veredito não é uma vitória para nenhuma pessoa. É uma vitória para uma ideia. A ideia de que todos seguimos as mesmas regras. O Estado de Direito venceu hoje."
E a deputada Maxine Waters escreveu que suas previsões de concretizaram. "Aleluia!!! Eu previ há três anos, num discurso com a Campanha dos Direitos Humanos, que Stormy Daniels seria quem pegaria Trump. Minha fé no sistema de justiça criminal foi fortalecida", comentou.
Casa Branca diz que não se manifestará sobre a condenação. O porta-voz da Casa Branca, Ian Sams, disse que o Estado de Direito é respeitado e "não temos nenhum comentário adicional" referente ao tema.
Republicanos criticam a decisão
"Dia vergonhoso na história americana", disse o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA. O republicano Mike Johnson criticou os democratas que, segundo ele, comemoravam enquanto um líder do partido da oposição era condenado com "acusações ridículas, baseadas no testemunho de um criminoso condenado". "Foi um exercício puramente político, não legal", manifestou-se Johnson em um comunicado.
Filho sai em defesa de Trump e fala que disputa eleitoral já foi vencida. "30 de maio de 2024 pode ser lembrado como o dia em que Donald J. Trump venceu as eleições presidenciais de 2024", escreveu o empresário Eric Frederick Trump no X (antigo Twitter).
O líder da maioria na Câmara dos EUA, Steve Scalise, chamou o veredito de "corrupto, partidário e cruel". "Isso nada mais é do que uma tentativa de interferir nas eleições de 2024. Os democratas radicais por trás deste abuso do nosso sistema judicial não prevalecerão. Os eleitores resolverão isso em 5 de novembro", disse, sem provas das acusações.
Candidato de "terceira via" diz que o caso é usado para "dividir" o povo norte-americano e fala em "guerra cultural. Robert F. Kennedy Jr., que concorre à Presidência dos Estados Unidos de maneira independente, se negou a comentar o caso, ressaltando que foi "disciplinado a não comentar os processos judiciais e falar [apenas] sobre questões que considera de profunda preocupação para os americanos", informou a CNN Internacional.
Entenda o caso
O ex-presidente americano Donald Trump foi considerado culpado nesta quinta. A condenação foi por fraude contábil que ocorreu para comprar o silêncio de uma atriz pornô, que poderia prejudicá-lo nas eleições de 2016 — vencidas por ele.
O júri concluiu que Trump violou a lei ao falsificar registros comerciais para encobrir um pagamento a uma atriz de filmes adultos. Em 2016, Stormy Daniels recebeu um pagamento de US$ 130 mil (cerca de R$ 675 mil em valores de hoje).
O dinheiro teria o propósito de comprar o silêncio da atriz sobre um encontro amoroso com Trump — o que ele nega — para não impactar o desempenho do político nas eleições. Naquele ano, o republicano venceu a candidata democrata Hillary Clinton.
Trump foi condenado por todas as 34 acusações de fraude contábil que pesavam contra ele no caso. O julgamento durou seis semanas e ouviu mais de vinte testemunhas. Na terça-feira (28), os advogados apresentaram seus argumentos finais. Na quarta (29), o caso seguiu para os doze jurados, que anunciaram o veredito hoje.
Com isso, Trump se tornou o primeiro ex-presidente americano condenado criminalmente.
O veredito de hoje não fixou a pena de Trump, o que deve ser feito por um juiz no início do próximo mês. A sentença pode ir de multa até quatro anos de prisão, embora essa alternativa seja rara para um caso de falsificação de fraude contábil, segundo a Reuters.
Nos Estados Unidos, uma pessoa condenada por um crime pode concorrer a qualquer cargo e ser eleita. A exceção é não ter participado de uma insurreição contra os Estados Unidos. Trump é alvo de uma investigação sobre seu papel na invasão do Capitólio em janeiro de 2021, mas não foi acusado.
Por isso, o impacto da condenação de Trump nas próximas eleições será político. Porém, analistas divergem se o veredito pode prejudicar a candidatura de Trump ou mesmo incentivá-la, dando combustível para seus apoiadores.
(Com informações da AFP, CNBC e Reuters)