Trump é considerado culpado de fraude para comprar silêncio de atriz pornô

O ex-advogado e homem de confiança de Trump, Michael Cohen, disse que foi incumbido pelo político de fazer o pagamento. Já Stormy Daniels deu um depoimento com detalhes sobre o encontro amoroso que teria tido com Trump no ano da eleição.

Trump foi condenado por todas as 34 acusações de fraude contábil que pesavam contra ele no caso. O julgamento durou sete semanas e ouviu mais de 20 testemunhas. Na terça-feira, os advogados apresentaram seus argumentos finais. Na quarta, o caso seguiu para os 12 jurados.

Com isso, Trump se tornou o primeiro ex-presidente americano condenado criminalmente.

O veredito de hoje não fixou a pena de Trump, o que deve ser feito por um juiz no início do próximo mês. A sentença pode ir de multa até quatro anos de prisão, embora essa alternativa seja rara para um caso de fraude contábil, segundo a Reuters.

Nos Estados Unidos, uma pessoa condenada por um crime pode concorrer a qualquer cargo e ser eleita. A exceção é não ter participado de uma insurreição contra os Estados Unidos. Trump é alvo de uma investigação sobre seu papel na invasão do Capitólio em janeiro de 2021, mas não foi acusado.

Por isso, a condenação não tira Trump das próximas eleições, mas gera um forte abalo político na disputa. Os americanos vão escolher o próximo presidente entre um condenado ou um político com baixa popularidade —o caso de Joe Biden, que disputará a reeleição. O veredito pode prejudicar a candidatura de Trump, mas também dar combustível para seus apoiadores. Pesquisas de opinião indicam que o ex-presidente poderia perder uma fatia pequena de votos se fosse condenado.

Ao sair do tribunal, Trump criticou o julgamento e disse que "o verdadeiro veredito" virá nas eleições de 2024, em novembro. O político disse que é inocente e que está lutando por seu país.

Este foi um julgamento fraudado e vergonhoso. O verdadeiro veredito será em 5 de novembro, pelo povo. Eles sabem o que aconteceu aqui, e todo mundo sabe o que aconteceu aqui.
Donald Trump

O réu, Donald J. Trump, é culpado de 34 acusações de falsificação de registros comerciais em primeiro grau para ocultar um esquema para corromper as eleições de 2016.
Alvin Bragg, promotor distrital de Manhattan, no anúncio do veredito

Advogado de Trump diz que recorrerá da decisão

Todd Blanche disse que irá apelar "assim que possível" do veredito de culpado contra seu cliente. À CNN Internacional, na noite desta quinta-feira (30), Blanche disse que o processo em Nova York é que há uma sentença contra o cliente e que, portanto, "apelaremos lá". O anúncio da sentença contra Trump está agendado para 11 de julho.

Blanche adiantou o que a equipe jurídica de Trump pretende argumentar no recurso. Entre eles, a tese de que o júri foi tendencioso contra o ex-presidente e que o momento em que o julgamento foi realizado teria sido injusto, disse, apontando a publicização em torno do caso. "Todas as pessoas no júri conheciam Donald Trump como presidente, como candidato, de 'O Aprendiz', por isso não aceito que este fosse um lugar justo para julgá-lo", disse o defensor.

Como foi o julgamento

O julgamento que condenou Trump ocorreu em Nova York. Nos argumentos finais, a defesa de Trump insistiu que as provas para uma condenação simplesmente não existiam. Já a acusação respondeu que as provas são volumosas e inevitáveis.

O júri foi formado por sete homens e cinco mulheres, cujas identidades foram mantidas em sigilo. Eles se retiraram da sala de julgamento para deliberar a portas fechadas com suas anotações e um computador que possui acesso às evidências do caso.

A condenação ou absolvição no júri precisa ser unânime. Isso significa que os 12 jurados concordaram com a condenação de Trump.

Após o veredito, os apoiadores de Trump desapareceram dos arredores do tribunal, segundo o jornal The New York Times. Nas semanas anteriores, eles se aglomeraram no local. O policiamento foi reforçado.

Trump enfrenta outros três processos criminais, cujos julgamentos devem ficar para depois das eleições. Além do caso de Nova York, o magnata foi acusado em Washington e na Geórgia de conspiração para anular os resultados das eleições de 2020. Na Flórida, é acusado de ter retirado ilegalmente documentos confidenciais da Casa Branca.

*Com informações de CBS News e da AFP.