Candidato da 'terceira via' nos EUA é antivacina e sobrinho de JFK; conheça
Robert F. Kennedy Jr. concorre à Presidência dos Estados Unidos de maneira independente, tem 10% das intenções de voto e desafia principalmente Joe Biden, embora também tire votos de Donald Trump, ao se apresentar como candidato da "terceira via" em um país dividido.
Quem é RFK Jr.?
Membro de dinastia política. RFK Jr. é sobrinho do ex-presidente John Fitzgerald Kennedy, que foi ocupou a Casa Branca de 1961 até 22 de novembro de 1963, quando foi assassinado durante um evento público em Dallas em uma das histórias mais famosas da política. JFK, como era conhecido, é até hoje um dos mais presidentes mais populares da história do país.
Pai também foi morto em crime político. Robert Francis Kennedy foi procurador-geral dos Estados Unidos e depois se elegeu senador. Em 1968, ainda como integrante do Congresso, fazia campanha para as eleições presidenciais quando foi assassinado em um hotel em Los Angeles.
Candidato tem formação de elite, é ambientalista e ativista antivacina. Bacharel na Universidade de Harvard e doutor em direito pela London School of Economics, o candidato sempre advogou pela defesa do meio-ambiente, indígenas e fontes de energia renováveis. Desde 2005, ele espalha desinformação sobre vacinas e imunizantes.
Especialista em política norte-americana vê RFK como "outsider" sem chances de vencer. Pedro Costa Júnior, cientista político e pesquisador da USP, aponta que Robert Kennedy não pode nem ser considerado uma "terceira via" real, por não apresentar perigo aos Democratas ou Republicanos. "É mais um manifesto que uma candidatura", observa.
RFK Jr. é considerado um "conspiracionista". Várias vezes ele já comparou a vacinação com um "holocausto" e afirmou que os imunizantes "causam autismo" em crianças, o que é falso. Em 2021, o Instagram suspendeu a conta dele por "repetidamente compartilhar informações falsas sobre a Covid-19".
Candidato disse que verme comeu parte de seu cérebro, em 2012. Kennedy Jr. afirmou em um depoimento que descobriu que um parasita entrou em sua cabeça, comeu parte de seu cérebro e morreu. Ao New York Times, ele afirmou que não sofre efeitos de ambos os problemas. No X (antigo Twitter), ainda brincou com a situação, se oferecendo para "comer mais 5 vermes cerebrais e ainda assim vencer o presidente Trump e o presidente Biden em um debate".
Afastamento de Clã Kennedy se deu por declarações na pandemia. Em um discurso de 2022, RFK Jr. sugeriu que as medidas de distanciamento promovidas pelo governo Biden deixava os americanos com menos liberdade do que judeus na Alemanha nazista. As falas não foram bem-recebidas pelo resto da família, que publicou uma carta de repúdio. Mais tarde, ele se desculpou.
Kennedy acumula votos de insatisfeitos com favoritos. Costa Jr. observa que, no geral, o voto em Kennedy surge a partir da falta de boas opções nos pleitos. "Tanto Biden como Trump são o passado. Mas Trump passou do limite, e Biden decepciona muito. Americanos desejam um candidato fora do bipartidarismo, mas sabem que não vai acontecer", diz.
Família Kennedy apoia a candidatura de Joe Biden. Em declaração conjunta, membros da Família Kennedy anunciaram que não apoiariam Robert Kennedy. Para Pedro Costa Jr., isso se dá pela família "ir atrás do poder", e não ver a candidatura de Kennedy como algo realista ou que contribua com seu status político.
Democrata é mais prejudicado com candidatura de RFK, analisa cientista político. Costa Jr. diz que, por ter sido membro do Partido Democrata, Kennedy tira mais votos de Biden do que de Trump. Entretanto, entende que republicanos não-trumpistas podem se encantar com o discurso do sobrinho de Kennedy e votar nele.
Robert Kennedy recebeu o apoio de Elon Musk. Em 2023, o bilionário realizou um evento em prol de Kennedy que durou duas horas e meia. Entretanto, os resultados das pesquisas não são atraentes para ele. Com apenas 10% das intenções de voto, Robert F. Kennedy tem poucas chances de ser competitivo no pleito. No entanto, ele é o candidato independente mais relevante desde Ross Perot, que conseguiu 18,9% dos votos na eleição de 1992.
RFK não foi convidado para debates. Pesquisa da Universidade de Harvard apontou que 71% dos eleitores gostariam de ver Kennedy debatendo com Biden e Trump. Apesar disso, ele diz que não recebeu convites de emissoras, mas que "vai se qualificar para os debates e mostrar ao povo americano que esta eleição não se trata de escolher entre o menor de dois males".
Trump criticou Kennedy diretamente. Em 11 de maio, o ex-presidente afirmou que RFK era "falso", e um "liberal de esquerda radical" cuja candidatura foi anunciada para ajudar Joe Biden. Trump insultou também a família de Kennedy, chamando-os de "um bando de lunáticos".
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