Macron dissolve Parlamento e convoca eleições antecipadas na França

O presidente da França, Emmanuel Macron, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas, com o primeiro turno previsto ainda para este mês. A decisão vem após a provável derrota deste domingo (9) na votação para eleger os representantes da França no Parlamento Europeu.

O que aconteceu

Macron disse que resultados foram um 'desastre' que não pode ser ignorado. Em uma aposta política de alto risco, a menos de dois meses das Olimpíadas de Paris, o presidente francês anunciou que as eleições legislativas seriam convocadas para 30 de junho, com uma votação de segundo turno em 7 de julho. Macron ainda classificou o aumento dos "nacionalistas e demagogos" no Parlamento Europeu como um "perigo".

Antecipação das eleições não afeta a permanência de Macron no cargo. Ele segue presidente até 2027.

Atualmente, o presidente francês não tem maioria na Assembleia Nacional. Por isso, tem penado para aprovar projetos de interesse do seu governo, uma vez que, no sistema semipresidencialista da França, o presidente depende de um primeiro-ministro apontado pelo Parlamento para assegurar a governabilidade.

É a primeira vez desde 1997 que um presidente dissolve o Parlamento na França. A última vez que isso aconteceu foi sob o governo de direita de Jacques Chirac. Naquela época, porém, foi a esquerda que saiu vitoriosa, forçando Chirac a governar com rivais até o final do mandato.

Decidi devolver a vocês a escolha do nosso futuro parlamentar através do voto. Portanto, estou dissolvendo a Assembleia Nacional. (...) Partidos de ultradireita (...) estão progredindo em todo o continente. É uma situação à qual não posso me resignar. Eu ouvi sua mensagem, suas preocupações, e não as deixarei sem resposta.
Emmanuel Macron, em pronunciamento

Eleições na UE

Projeções indicam derrota da aliança de Macron contra o partido de Marine Le Pen. O candidato de extrema direita Jordan Bardella, do Rassemblement National (Reunião Nacional, em tradução livre) obteve entre 31,5% e 32,4% dos votos, seguido de longe pela candidata de situação Valérie Hayer (15,2%) e pelo socialista Raphaël Glucksmann (14% a 14,3%), de acordo com estimativas dos institutos de pesquisa Ifop e Ipsos.

Os outros partidos que conseguiram representação no Parlamento Europeu pela segunda maior economia da UE são França Insubmissa (esquerda radical, de 8,3% a 8,7%) e Os Republicanos (direita, de 7% a 7,2%), segundo as estimativas.

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Para Le Pen, "o povo francês enviou uma mensagem muito clara ao poder". "Só posso saudar esta decisão [de convocar eleições legislativas]. Estamos prontos para governar se os franceses quiserem nos dar a sua confiança nestas novas eleições", comemorou a líder de extrema direita após a dissolução da Assembleia Nacional por Macron.

Resultado confirma esforços de Le Pen para dar um ar mais 'moderado' ao RN. O partido é uma herança de seu pai, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas, e pode impulsionar suas chances para a eleição presidencial de 2027. Em 2022, Macron venceu Marine Le Pen com 58,54% dos votos, quase oito pontos a menos do que em 2017 (66,1%).

Esta tarde trouxe um vento de esperança para a França e está apenas começando. (...) Emmanuel Macron é um presidente enfraquecido, já privado de uma maioria absoluta no Parlamento francês e agora limitado em seus meios de ação dentro do Parlamento Europeu.
Jordan Bardella, a apoiadores

Quem é Jordan Bardella

Jordan Bardella, presidente do partido de extrema direita Rassemblement National, em discurso
Jordan Bardella, presidente do partido de extrema direita Rassemblement National, em discurso Imagem: Julien de Rosa/AFP

Presidente do RN nasceu em uma família de origem italiana. Ele cresceu sob os cuidados de sua mãe em um prédio de habitação social nos subúrbios de Paris. Em 2021, ele chegou à presidência do RN, embora a líder, de fato, seja Marine Le Pen.

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Aposta neste jovem de 28 ano convenceu os franceses desde o início. Bardella rondou os 33% dos votos durante semanas, de acordo com pesquisas. Seu programa foi o tradicional da extrema direita contra a "imigração em massa" e a "desintegração da França".

(Com AFP, ANSA, Deutsche Welle e Reuters)

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