Fernandes: Extrema direita foi derrotada, mas teve avanço considerável
Colaboração para o UOL, em São Paulo
08/07/2024 13h49
Derrotada nas eleições legislativas da França neste domingo (7), a extrema direita continua avançando no país europeu, analisou a colunista Daniela Fernandes no UOL News da manhã desta segunda-feira (8).
A coalizão de esquerda Nova Frente Popular impediu que a Reunião Nacional, grupo de extrema direita, vencesse a eleição legislativa na França. A NFP conquistou 182 assentos na Assembleia Nacional, seguida pela coalizão Juntos, do presidente Emmanuel Macron, com 168 cadeiras, e pela antes favorita Reunião Nacional, com 143 deputados.
Apesar da esquerda ter vencido, ela está bem longe de ter maioria [...] A extrema direita foi derrotada, mas é bom lembrar que, apesar disso, eles mais uma vez avançaram em uma eleição.
Nas eleições legislativas de 2022, eles conseguiram eleger 89 deputados. Se pensarmos que, no primeiro mandato de Macron, em 2017, eles tinham conseguido eleger apenas oito. [Atualmente] São 143 deputados, é um avanço considerável de praticamente 50 parlamentares.
Segundo Fernandes, Macron foi pego de surpresa com a união da esquerda.
Quando ele [Macron] dissolveu o parlamento, ele jamais imaginava que a esquerda ia conseguir se reunir tão fácil e rapidamente. Ele estava achando que, mais uma vez, seria apoiado pelos eleitores da esquerda [...] Ele não imaginou que, em 24 horas, a esquerda ia se juntar de novo depois de uma primeira união que fracassou em 2022. Ele não estava imaginando isso. Foi uma grande surpresa para ele.
Tales: Raí lava alma do Brasil após vexame de Neymar na onda bolsonarista
O discurso de Raí contra a extrema direita francesa lavou a alma do brasileiro, em contraste com o apoio dado por Neymar e outros jogadores a Jair Bolsonaro, disse o colunista Tales Faria, também no UOL News de hoje.
Ídolo do São Paulo e do Paris Saint-Germain, Raí participou na semana passada de atos na capital francesa contra a extrema direita. "Conheço bem a extrema direita e mentir é o que eles fazem de melhor", disse o ex-jogador, que classificou os quatro anos do governo Bolsonaro como "um inferno".
Raí lavou a alma do Brasil depois do vexame de Neymar e de vários jogadores próximos a ele que entraram na onda bolsonarista. Raí relembrou os tempos do irmão dele, Sócrates, nos quais o futebol tinha alto nível e não perdia de 7 a 1 para ninguém.
Ainda na linha do futebol, Jair Bolsonaro foi assistir ao jogo da seleção [contra o Uruguai, pelas quartas de final da Copa América] ao lado do Javier Milei. Ele não vê que não se assiste a um jogo da seleção brasileira ao lado de um argentino, que torcerá contra? [risos]. Deu no que deu: os dois trouxeram azar para a seleção, que foi desclassificada. Tales Faria, colunista do UOL
Tales citou que Bolsonaro tenta usar o futebol como uma ferramenta para conquistar aliados.
Esse objetivo que o Bolsonaro teve de misturar futebol com política para ver se ganhava alguma coisa é desmanchado pelo Raí, que disse não sermos como o Bolsonaro, e que o bolsonarismo foi um atraso e um horror para o Brasil.
Raí lava nossa alma. E Bolsonaro ainda insiste e traz maus agouros ao Brasil nos jogos da seleção. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: Extrema direita francesa levou paulada, mas não está morta
A derrota da extrema direita na eleição legislativa da França deve ser comemorada, mas o resultado das urnas não significa que ela está morta, afirmou Josias de Souza.
A extrema direita levou uma paulada, mas não está morte. Dependendo de como essas forças se organizarem, elas podem transformar essa vitória do final de semana em algo que tenha efeitos longevos ou pode dar matéria-prima para que a extrema direita volte em 2027 em condições de disputar o poder.
Houve uma vitória parcial, que deve ser festejada por todas as razões. Mas criou-se um quadro de instabilidade que precisa ser bem administrado por essas forças que saíram vitoriosas das urnas. O eleitor informou ao [Emmanuel] Macron que não está gostando da presidência dele e o intimou a dialogar.
Macron terá que conversar com a esquerda e produzir um primeiro-ministro que represente o resultado da urna. Ele tem dificuldade para fazer isso, tanto que pediu a permanência do premiê [Gabriel Attal], ganhando tempo para fazer essa costura, que não é simples. Josias de Souza, colunista do UOL
Ricardo Salles: Maioria das posições de Le Pen não defendemos no Brasil
O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) afirmou que a direita brasileira não segue as mesmas posições de Marine Le Pen, que sofreu uma derrota nas eleições legislativas da França neste domingo (7). Salles foi entrevistado no UOL News;
Eu não estou defendendo a Marine Le Pen, até porque a maioria das posições dela não são posições que defendemos. Ela tem uma visão muito sindicalista, de intervenção na economia. Tomo muito cuidado com essa questão dos rótulos, porque os rótulos escondem muita coisa.
Não diria que Marine Le Pen tem identidade com visões da direita brasileira, ela tem uma ou outra visão. Para facilitar o debate, ela foi colocada como se estivesse 100% no mesmo ponto onde estamos nós, onde estou eu. Ricardo Salles, deputado federal
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