Venezuela: Sobe para 11 número de mortes durante protestos contra Maduro
Do UOL, em São Paulo*
30/07/2024 11h58Atualizada em 30/07/2024 18h28
Subiu para 11 o número de mortes relacionadas aos protestos que tomaram as ruas da Venezuela desde a noite do domingo (28). Os manifestantes questionam a recondução do ditador Nicolás Maduro ao poder.
Veja lista de mortos
Cinco dessas mortes aconteceram na capital Caracas. "Há onze pessoas mortas nestes protestos. Cinco dessas pessoas [foram] assassinadas em Caracas. Preocupa-nos o uso de armas de fogo nessas manifestações", declarou Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal Venezolano.
Ataque antes da divulgação dos resultados deixou primeira vítima. Na tarde do domingo, um homem de 40 anos identificado como Julio Valerio Garcia foi baleado e morreu após tiros serem disparados contra eleitores na cidade de Guásimos, no estado de Táchira.
O estado de Zulia tem duas mortes registradas. Segundo a organização Foro Penal, uma pessoa foi morta na cidade de San Francisco e outra na cidade de Cabimas. Em San Francisco, a vítima foi um adolescente de 16 anos, baleado durante um protesto.
O Foro Penal contabilizou uma morte em Yaracuy. As circunstâncias das mortes não foram divulgadas pela ONG.
Estado de Aragua também tem duas mortes confirmadas. As vítimas estavam internadas em unidades de saúde de Maracay, segundo a Pesquisa Nacional de Hospitais. Uma delas é um homem entre 20 e 23 anos baleado no tórax e a outra não foi identificada.
Brasil orientou que cidadãos evitassem aglomerações. Nesta terça-feira, o Itamaraty emitiu um alerta consular pedindo que brasileiros que estiverem na Venezuela ou com viagem marcada ao país se mantivessem "informados sobre a segurança nas áreas onde se encontram".
País tem mais de 700 presos
O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, anunciou que, até o momento, 749 pessoas foram presas em protestos contra a eleição de Maduro. Ainda conforme Saab, parte dos presos serão indiciados por "terrorismo".
Líderes opositores também podem ser indiciados. O procurador-geral destacou que as lideranças da oposição a Maduro também podem ser processadas por terrorismo por "instigarem" as manifestações contra a proclamação do ditador ao seu terceiro mandato.
Convocação para novos protestos. Em declaração à imprensa após afirmar que a oposição venceu com 70% dos votos, María Corina Machado pediu que a população "se unisse em assembleias populares" na tarde desta terça-feira.
Estátuas de Hugo Chávez foram derrubadas. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram algumas das estruturas sendo arrastadas pelas ruas das cidades venezuelanas. Segundo o jornal espanhol El Periódico, as manifestações ocorreram nas cidades de La Guaira, Falcón, Carabobo e Guárico.
Nicolás Maduro prometeu punição aos manifestantes. Em proclamação após ser declarado presidente, ele afirmou que quem protesta está munido de "drogas, armas e coisas malucas". "Parte [dos presos] são pessoas que voltaram recentemente nos voos que os gringos enviaram para a Venezuela", afirmou.
O que causou os protestos
O ditador Nicolás Maduro foi proclamado presidente da Venezuela na tarde desta segunda-feira (29). A vitória foi confirmada pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), mas as atas da eleição não foram divulgadas.
Maduro teve 51,2% dos votos, anunciou o órgão responsável pela realização dos processos eleitorais no país. Com 80% das urnas apuradas, o atual presidente foi declarado vencedor ao obter 5,150 milhões de votos contra 4,445 milhões (44,2%) de Edmundo González Urrutia. O anúncio ocorreu por volta da 1h da madrugada (horário de Brasília) e depois não foi mais atualizado.
Maduro definiu o resultado como "irreversível". "Assumo o mandato do povo para ser seu presidente e levar nosso país à paz e prosperidade, à união nacional através do diálogo e, como esse resultado, a ser irreversível a paz, a igualdade, a independência nacional. Isso que tem que ser irreversível, a paz e a união, entre todos e todas".
Uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos) contra a falta de transparência nas eleições da Venezuela será realizada na quarta-feira (31). A solicitação foi feita após solicitação em nota conjunta de Uruguai, Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a abertura de uma investigação contra a oposição ao presidente Nicolás Maduro. Os oposicionistas, liderados por María Corina Machado, tentaram interferir nas eleições, segundo o chefe do MP.
Sem reconhecer a vitória de Nicolás Maduro, o governo brasileiro emitiu uma nota. O comunicado deixa claro que a publicação dos dados desagregados de cada uma das sessões é fundamental para a legitimidade do pleito.
*com informações da AFP