Conteúdo publicado há 1 mês

Análise: Brasil tem que ter interlocução para poder pressionar Venezuela

O esforço da diplomacia brasileira em manter a interlocução com o governo de Nicolás Maduro é importante no sentido de evitar uma escalada de violência na Venezuela e ter espaço para pressionar para que o resultado eleitoral seja divulgado de forma transparente, disse o cientista político Hussein Kalout no UOL News desta sexta (2).

Tenho que reconhecer que o esforço da diplomacia brasileira vale no sentido que é tentar impedir uma escalada de violência que leva a uma guerra civil na Venezuela. Sob este aspecto, está válido o esforço. Porque se tiver uma violência vai haver um êxodo muito grande de venezuelanos no Brasil, especialmente no norte do Brasil, acabando indo para os grandes centros econômicos, como São Paulo, Rio e o sudeste brasileiro. Essa é a grande realidade.(...) Essa tentativa de tentar conter o ímpeto de conter o regime de partir para uma violência descontrolada é válida e importante.

O Brasil tem que romper relações com Maduro? Não. Por quê? Porque só se faz em tempos de guerra. Não dá para fazer, porque temos interesses. Temos brasileiros que moram lá. Precisamos ter interlocução para pressionar. A postura do Bolsonaro de tirar o pessoal diplomático, romper, foi equivocada. Ela, na verdade, contribuiu para recrudescer o regime, para ter um regime ainda pior, porque você perdeu a capacidade de influenciar, até via Forças Armadas, pela moderação. Então é necessário [ter interlocução].

É muito diferente ter esse diálogo, do que você conceder legitimidade. São duas coisas muito diferentes. Então, acho que há um risco e quem vai sofrer com isso é Brasil e Colômbia que são dois países mais dinâmicos. Argentina menos. Outros países menos. Hussein Kalout, cientista político.

Análise: Oposição a Maduro errou ao não abrir negociação com cúpula militar

A oposição ao regime de Nicolás Maduro cometeu um erro ao não estabelecer pontes com a cúpula das Forças Armadas da Venezuela, avaliou Rafael Villa, professor de Ciência Política da USP, em participação no UOL News nesta sexta (2).

Tem que haver o apoio não das Forças Armadas, mas de sua cúpula. Aqui, houve um erro estratégico por parte da oposição venezuelana desde meses atrás, quando não tentou abrir canais de negociação com a cúpula militar venezuelana.

Se a cúpula militar prefere ficar neutra, Maduro não terá outro recurso a não ser mostrar as atas. Isso é possível, mas a oposição tem que abrir imediatamente estes canais de negociação com as Forças Armadas, cuja cúpula é um ator político e, neste momento, faz parte do chamado bloco do poder.

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Tales: Estratégia de Maduro é transformar conflito na Venezuela em global

Ao subir o tom contra opositores e anunciar a prisão de 1.200 pessoas, o ditador Nicolás Maduro deixa claro seu plano de fazer da tensão política na Venezuela um conflito internacional, afirmou o colunista Tales Faria.

Maduro já não esconde que comanda um regime ditatorial. Ele tem uma estratégia, e não podemos menosprezar a inteligência dele.

A estratégia é esticar essa corda e transformar esse conflito em algo global. Maduro se sente escudado pela China, que tem interesses econômicos bastante alinhados com a Venezuela e com toda a América Latina, e pela Rússia, que já tem navios de guerra na costa venezuelana. Agora, os EUA se veem obrigados a elevar o nível de reprimenda às atitudes do Maduro. Tales Faria, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

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Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Opinião

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