'Dia triste para a democracia', diz UE sobre fuga de opositor da Venezuela
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, declarou que este domingo (8) é "um dia triste para a democracia" devido à necessidade do candidato presidencial da oposição venezuelana Edmundo González solicitar asilo na Espanha.
O que aconteceu
Josep Borrell pediu que Venezuela acabe com a perseguição judicial a opositores do regime de Nicolás Maduro. "A UE [União Europeia] exige que as autoridades venezuelanas ponham fim à repressão, às detenções arbitrárias e ao assédio contra membros da oposição e da sociedade civil, bem como libertem todos os presos políticos", diz comunicado.
González pousou na Espanha neste domingo (8). A aeronave da Força Aérea espanhola pousou na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, nos arredores de Madri. "Diante da repressão, da perseguição política e das ameaças diretas contra a sua segurança e liberdade, depois de ter recebido hospitalidade na residência holandesa em Caracas até 5 de setembro, o líder político e candidato presidencial Edmundo González, teve que solicitar asilo político e aproveitar da proteção que a Espanha lhe ofereceu", afirmou Borrell em comunicado.
Borrell declarou ainda que Edmundo González venceria as eleições na Venezuela. "Edmundo González, segundo cópias das atas disponíveis ao público, seria o candidato presidencial que venceria as eleições por ampla maioria. Numa democracia, nenhum líder político deveria ser forçado a procurar asilo em outro país", acrescentou. González é alvo de um mandado de prisão solicitado pelo Ministério Público e aceito pela Justiça venezuelana.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) afirmou que continuará trabalhando para que "verdadeiro vencedor" das eleições assuma a presidência na Venezuela. A entidade destacou que "não há dúvidas da vitória de González". A OEA também ressaltou que o regime de Maduro "não só não conseguiu produzir a menor prova de resultado eleitoral, como forçou o exílio" do opositor.
Maria Corina Machado, líder da oposição, afirmou que a vida de González estava em perigo. "Sua vida estava em perigo, e as crescentes ameaças, citações, mandados de prisão e até mesmo as tentativas de chantagem e coerção a que ele foi submetido mostram que o regime não tem escrúpulos ou limites em sua obsessão de silenciá-lo e tentar quebrá-lo", escreveu nas redes sociais.
González estava escondido desde 30 de julho. Ele passou um período na embaixada da Holanda em Caracas antes de seguir para a Espanha. O candidato opositor reivindica a vitória nas eleições que, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), terminaram com a reeleição de Maduro. O CNE não divulgou as atas de votação de cada seção eleitoral, com a lei exige, alegando que seu sistema foi alvo de um ataque de hackers.
Maduro retira custódia do Brasil da embaixada argentina
O governo Maduro revogou no sábado (7), de forma unilateral, a custódia do Brasil da embaixada argentina na Venezuela. O local abriga seis opositores asilados e continua cercado por agentes das forças de segurança do governo venezuelano. O cerco já dura mais de 30 horas.
O governo alega ter "provas" de que o local está sendo usado para planejamento de atos "terroristas" e de "tentativas" de assassinato contra ele e sua vice, Delcy Rodríguez. As provas, no entanto, não foram apresentadas.
O governo brasileiro indicou que continua representando os interesses da Argentina em Caracas. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, o posicionamento do Itamaraty é de que se a Venezuela quiser revogar a autorização, tem de esperar a definição de um país substituto. Até lá, o governo Lula (PT) diz que continua a assumir essa responsabilidade.
Já o governo argentino rejeitou neste sábado (7) a "decisão unilateral" da Venezuela. "Qualquer tentativa de interferir ou sequestrar os solicitantes de asilo que estão em nossa residência oficial será fortemente condenada pela comunidade internacional", alertou.
Ministério das Relações Exteriores do Paraguai diz lamentar decisão do governo Maduro. Em nota divulgada nas redes sociais, a pasta classificou como "decisão unilateral" a revogação da custódia do Brasil na embaixada argentina e disse que a ação "viola os princípios consagrados na Convenção de Viena". O ministério ainda instou o país a respeitar as normas internacionais e reforçou que reconhece o Brasil como responsável pela custódia da residência argentina.
EUA manifestam apoio "inabalável" aos governos do Brasil e da Argentina. "Expressamos nosso firme apoio diante das ameaças dos agentes de Maduro na Venezuela", escreveu o embaixador americano Brian A. Nichols nas redes sociais. "O Maduro precisa parar com sua repressão e intimidação ao povo venezuelano."
Uruguai também se manifesta. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores expressou preocupação com a decisão do governo Maduro de revogar a custódia brasileira e prestou solidariedade à Argentina e ao Brasil por esse "momento difícil".
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Quero receberPresidente do Panamá, José Raúl Mulino, e Ministério das Relações Exteriores do país condenaram a decisão de Maduro. Para o país, o ato demonstra o "contínuo desprezo às normas internacionais que garantem a inviolabilidade das missões diplomáticas e proteção dos asilos".
A Chancelaria da Costa Rica também emitiu comunicado. A pasta falou em "novo ato de perseguição política contra cidadãos venezuelanos legalmente abrigados na embaixada argentina".
Com informações da AFP
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