Conteúdo publicado há 1 mês

Três são condenados por atos em protestos de extrema direita no Reino Unido

A Justiça do Reino Unido começou a condenadar a primeira leva de detidos durante os violentos protestos de extrema direita contra imigrantes que tomaram o país. A onda de violência ocorre após uma fake news sobre o suspeito de um ataque que deixou três crianças mortas em Southport.

O que aconteceu

Derek Drummond, 58 anos, recebeu a mais longa sentença até agora. Ele foi preso por três anos depois que se declarou culpado de desordem violenta e agressão a um policial de Merseyside, segundo informações do jornal britânico The Guardian.

Derek gritou ''casas de merda'' antes de socar o policial Thomas Ball em frente a uma mesquita. Testemunhas também disseram ao tribunal da coroa de Liverpool que ele foi visto atirando tijolos na polícia, episódio que deixou ao menos 50 agentes feridos.

O suspeito se entregou quatro dias depois do tumulto. Além disso, ele ainda assumiu na delegacia ter sido um ''tolo'' e que teve um comportamento ''terrível''. O homem tem 14 condenações anteriores relacionadas à violência.

Declan Geiran, de 29 anos, foi preso por 30 meses. O segundo julgado admitiu ter ateado fogo em uma van policial durante um protesto na cidade de Liverpool. O momento foi gravado e divulgado no TikTok.

Declan afirmou ter ido aos protestos para apoiar as família enlutadas. O homem negou quaisquer ''pensamentos negativos sobre imigração'' e o advogado Brendan Carville alegou que seu cliente não sabe o que ''extrema direita'' significa.

Um terceiro homem, Liam James Riley, de 41 anos, foi preso por 20 meses. Segundo o promotor Christopher Taylor, Riley fez uma série de comentários negativos sobre imigrantes e muçulmanos no momento em que foi detido.

Tribunal acredita que prisão dos três é a ''ponta do iceberg''. ''Apenas o começo do que será um processo muito doloroso para os que tolamente escolheram se envolver em distúrbios violentos'', disse promotor público sênior do distrito, Jonathan Egan, ao The Guardian.

Entenda o caso

Alice Dasilva Aguiar, 9, Elsie Dot Stancombe, 7, e Bebe King, 6, foram mortas esfaqueadas. Outras oito crianças ficaram feridas, cinco delas em estado grave, além de dois adultos, na última terça-feira (30) em Southport, cidade do litoral.

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O ataque ocorreu durante uma aula de dança de férias com tema da artista Taylor Swift. Um garoto de 17 anos, identificado como Alex Rudakubana, é apontado como autor dos assassinatos, foi detido e compareceu a um tribunal inglês.

Extrema direita espalhou desinformação

Apoiadores da extrema direita começaram a disseminar nas redes sociais a informação de que o suspeito era terrorista. O caso gerou revolta e desencadeou duas noites de protestos violentos pela Inglaterra, incitando ódio contra imigrantes e muçulmanos.

Os atos também interferiram nas homenagens que estavam sendo feitas às vítimas. Políticos e policiais disseram que a maioria dos manifestantes não era da região e que os confrontos atrapalharam a vigília com presença de milhares de pessoas.

Parte da comunidade havia ido para as ruas homenagear as vítimas, depositando flores nos túmulos. ''Aqueles que sequestraram a vigília pelas vítimas com violência e insultaram a comunidade enquanto ela sofre sentirão toda a força da lei'', disse o premiê sobre os atos violentos.

Usando as mídias sociais e plataformas, extremistas de direita convocaram pessoas a irem à Southport. ''Usem máscaras'', aconselharam as mensagens, também orientando o local onde se encontrariam e apontando uma mesquita próxima, que seria um dos palcos do tumulto.

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A polícia desmentiu os ativistas e disse que o ataque não estava relacionado ao terrorismo. Além disso, a corporação afirmou que o adolescente nasceu na Grã-Bretanha. O menino era de Cardiff, nos Países de Gales, e se mudou para Inglaterra em 2023, segundo a BBC. Os pais dele são de Ruanda.

Mais de 400 pessoas foram presas durante as manifestações. Extremistas de direita teriam entrado em confronto com as forças policiais, incendiando automóveis e atirando tijolos e outros objetos contra os agentes.

39 policiais ficaram feridos. Segundo o Serviço de Ambulâncias do Noroeste, 27 deles precisaram ser levados ao hospital. Oito sofreram ferimentos graves, incluindo fraturas. Além deles, três cães da polícia também foram atingidos.

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer precisou convocar uma reunião de crise após as manifestações. Ele pretende conversar com chefes de polícia sobre a escalada da tensão e possíveis ações de contenção.

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