OPINIÃO
Sakamoto: ONU indica que Maduro pode ser preso por violência contra o povo
Colaboração para o UOL, em São Paulo
13/08/2024 11h22
O alerta dado pela ONU é um sinal de que Nicolás Maduro pode ser preso por conta da repressão, do clima de medo e das prisões arbitrárias na Venezuela após as eleições presidenciais, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (13).
Volker Türk, chefe de Direitos Humanos da ONU, manifestou sua preocupação com o agravamento da tensão política na Venezuela, bem como em relação a possível aprovação de leis que faovrecem a repressão.
O alto comissariado da ONU deixa claro que há evidências gravíssimas de violações maciças e em série aos direitos humanos, e que o governo Maduro pode vir a responder no sistema internacional por conta disso.
Quando o alto comissariado começa a fazer esses alertas, lá na frente haverá casos que serão analisados pelo Tribunal Penal Internacional e pela Corte Internacional de Justiça, tanto pela questão de responsabilização do próprio Maduro e da cúpula militar como pelo próprio Estado venezuelano. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto ressaltou que Maduro dá de ombros para as pressões internacionais, já que conta com o respaldo de potências como Rússia e China.
Hoje, Maduro pouco se importa com qualquer uma dessas reivindicações por ter o respaldo das Forças Armadas, que estão fortemente ligadas ao Estado venezuelano e não querem abrir da participação nessa boquinha.
Do outro lado, o comércio da Venezuela está garantido, por mais difícil que seja para Maduro, pelo reconhecimento e do apoio que tem da Rússia e da China. Alvo de sanções por conta da invasão à Ucrânia, a Rússia vê sua economia ir muito bem, exatamente pelo fato de o mundo não se resumir ao Atlântico Norte ou ao Ocidente.
O grande problema está aí. A Venezuela está sendo pressionada a dar publicidade e transparência aos resultados eleitorais, mas não faz isso e desce o sarrafo na população. Isso começa a surtir o efeito que o governo deseja: muita gente não está convencida, mas acaba aceitando que é melhor fazer o silêncio do que apanhar ou ser preso.
Esse comportamento dos grupos de apoio a Maduro se assemelha ao que tínhamos na ditadura militar brasileira ou mesmo na Alemanha nazista pré-guerra. São coisas bizarras, mas que estão acontecendo e são claras de ditaduras de esquerda ou de direita. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Para Sakamoto, a possibilidade de se resolver o impasse na Venezuela está longe do fim, já que as chances de diálogo, como pretende o Brasil, estão cada vez mais difíceis.
A estratégia norte-americana, com sanções, ameaças e bloqueios, nunca funcionou porque a Venezuela tem uma saída através de outros países. O Brasil tenta uma estratégia nova, que é tentar um diálogo e modulá-lo. É um plano mais longo e nada garante que funcionará.
O México começa a fazer água com a nova presidente eleita, que tem um comportamento semelhante ao que o país tinha no passado, o que diminui a força do diálogo.
Uma intervenção militar na Venezuela seria um absurdo completo, provocando um impacto que nem conseguimos dimensionar. No meio de tudo isso, que está sofrendo é o povo venezuelano, que não tem perspectiva de paz. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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