Saiba quem era Myrna Raef, brasileira de 16 anos que foi morta no Líbano
A brasileira Myrna Raef Nasser, de 16 anos, que morreu durante um bombardeio no Líbano, planejava voltar ao Brasil para visitar a família ainda este ano. A informação foi confirmada ao UOL pelo tio da jovem, Ali Bu Khaled.
O que aconteceu
Myrna Raef Nasser tinha pouco mais de um ano quando deixou o Brasil. Ela nasceu em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, mas se mudou para o Líbano com a família ainda muito nova.
A brasileira morava com o pai, que também foi vítima do bombardeio, a mãe e três irmãos. O tio de Myrna ainda vive no Brasil e contou que soube que a casa do seu irmão havia sido bombardeada na segunda-feira (23). "A minha família me ligou, mas os socorristas não conseguiam acessar os escombros naquele momento", disse. A família vivia na região norte do Líbano, na cidade de Kelya, no Vale do Beqaa, a 30 quilômetros de Beirute.
Os corpos do pai Raef Nasser, de 46 anos, e de Myrna só foram encontrados na terça-feira (24). Eles ainda não foram enterrados porque, segundo o tio, a região onde eles moravam está inacessível.
Raef Nasser nasceu no Líbano, mas havia morado no Brasil por nove anos, período em que a filha nasceu. "Esse ano estávamos falando de trazer Myrna para conhecer a cidade em que ela nasceu, já que foi embora muito nova. Ela escrevia bem português, mas não falava tanto", diz o tio.
Myrna Raef Nasser era muito estudiosa e sonhava em ser a aluna de melhor prestígio do Líbano. O tio lembra com orgulho que ela também era muito apegada ao pai. "Tanto é que quando eles foram voltar para casa para buscar as roupas, ele avisou para ela esperar do lado de fora, mas ela insistiu em entrar na casa com ele, pensando que se acontecesse alguma coisa, queria estar perto o pai. Morreu ao lado dele", lamentou Khaled.
Após a morte de pai e filha, a mãe de Myrna os irmãos estão morando em Beirute. "Perderam tudo. Estão vivendo na capital com outras irmãs".
A reportagem entrou em contato com o Itamaraty sobre o caso. O Ministério das Relações Exteriores informou que está reunindo informações e que deve se pronunciar em breve.
Vídeo mostra momento em que casa é bombardeada
Imagens obtidas pelo UOL mostram o momento em que a casa é bombardeada. "Não sobrou nada", lamenta o tio. "O ataque aconteceu na hora que eles [pai e filha] entraram em casa. Iam buscar umas roupas", afirmou Ali Bu Khaled.
Uma fotografia mostra o antes e depois do local. As imagens mostram que a residência foi totalmente destruída após o bombardeio.
A família era vizinha de outro adolescente brasileiro, que também foi morto após um ataque aéreo.
Brasileiro de 15 anos e pai também foram vítimas
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Quero receberAli Kamal Abdallah, 15, e seu pai, Kamal Abdallah, morreram por conta de um ataque aéreo na cidade de Kelya, a 30 quilômetros da capital Beirute. Menino nasceu em Foz do Iguaçu, no Paraná. Kamal não é cidadão brasileiro, e tem nacionalidade paraguaia.
O governo do Brasil condenou os ataques de Israel "contra zonas civis densamente povoadas" no Líbano. O Itamaraty emitiu uma nota no início da manhã desta quinta-feria (26) lamentando as mortes de Ali e Kamal.
Ao solidarizar-se com a família, o Governo brasileiro reitera sua condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos ataques aéreos israelenses contra zonas civis densamente povoadas no Líbano e renova seu apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades
Nota à imprensa
Na ONU, Lula criticou ataques israelenses
Presidente Lula criticou os ataques de Israel no Líbano durante o discurso na ONU. Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aproveitou seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para alertar que o Líbano não pode ser a nova Faixa de Gaza.
Na última segunda-feira (23), o Itamaraty disse ter enviado instruções para a Embaixada do Brasil no Líbano para ser iniciado um processo de consulta com os brasileiros que vivem no país. O objetivo seria saber se o grupo quer ajuda do Estado para ser repatriado ou não.
Aqueles que optassem por continuar no Líbano deveriam sair das regiões do sul, mais próximas a Israel. Zonas de fronteira e outras áreas de risco também devem precisariam ser evitadas.
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