Adolescente brasileiro de 15 anos morre no Líbano, confirma Itamaraty
Um adolescente brasileiro morreu em decorrência de um ataque aéreo na cidade de Kelya, na região do Vale do Beqaa, a 30 quilômetros de Beirute. O pai do menino também morreu.
O que aconteceu
As mortes foram confirmadas nesta quarta-feira (25) pelo Itamaraty ao UOL. O menino foi identificado como Ali Kamal Abdallah, de 15 anos. Já o pai dele, Kamal Abdallah, não é cidadão brasileiro. A informação que chegou ao Ministério das Relações Exteriores é de que o homem seria de nacionalidade paraguaia.
Pai e filho viviam em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Na noite desta quarta-feira, a autoridades brasileiras ainda trabalhavam para confirmar a data e as circunstâncias exatas dos óbitos. A estimativa é que só será possível ter um quadro completo a partir desta quinta-feira (26), devido à diferença de fuso entre Brasília e Beirute.
O Itamaraty informou que presta assistência aos familiares. O Ministério das Relações Exteriores diz que as questões de documentação e traslado dos corpos serão tratadas por meio da Embaixada do Brasil em Beirute. Em caso de necessidade, recomenda-se entrar em contato com o plantão consular do Itamaraty por meio do número +55 (61) 98260-0610 (WhatsApp).
Presidente Lula criticou os ataques de Israel no Líbano durante o discurso na ONU. Já o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aproveitou seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, para alertar que o Líbano não pode ser a nova Faixa de Gaza.
Na última segunda (23), o Itamaraty disse ter enviado instruções para a Embaixada do Brasil no Líbano para ser iniciado um processo de consulta com os brasileiros que vivem no país. O objetivo seria saber se o grupo quer ajuda do Estado para ser repatriado ou não.
Aqueles que optassem por continuar no Líbano deveriam sair das regiões do sul, mais próximas a Israel. Zonas de fronteira e outras áreas de risco também devem precisariam ser evitadas.
Filha e amigos lamentam nas redes sociais
Hanan Abdallah, filha de Kamal, publicou um vídeo nas redes sociais na terça-feira (24). O registro, publicado com um filtro preto e branco, mostra ela, o pai e o irmão em um automóvel.
Publicação já tem mais de 300 comentários, muitos deles em árabe. "Que Alá tenha piedade deles e lhe conceda paciência para suportar as suas partidas", escreveu uma pessoa. "Meus mais profundos sentimentos! A perda é enorme, a saudade será diária, mas sei que eles sempre estarão vivos dentro do seu coração. Que Deus conforte seu coração e de seus familiares", comentou outra.
'O anjo que Israel matou', diz legenda de outra publicação feita por Hanan. A irmã de Ali republicou um vídeo do irmão após o anúncio da morte dele e do pai no Líbano.
Na segunda-feira (23), Adnan El Sayed, que atua como vereador em Foz do Iguaçu, publicou no Facebook: "Haj Kamal Abdallah e seu lindo filho Ali estavam até pouco tempo aqui ao nosso lado em Foz do Iguaçu, brincando e sorrindo. Quero arranjar forças na justiça divina e na capacidade da resistência libanesa para seguir o caminho da verdade apesar das perdas diárias desse massacre à Palestina e ao Líbano."
Ataques de Israel no Líbano
O Ministério da Saúde do Líbano informou que pelo menos 558 pessoas morreram e outras 1.835 ficaram feridas nos bombardeios. Entre os mortos estão 50 crianças, 94 mulheres e dois médicos, diz o comunicado do órgão.
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberIsrael diz que atingiu 300 alvos em todo o Líbano. Horas antes, autoridades israelenses divulgaram um pronunciamento e mandaram mensagens de texto para moradores de Beirute e regiões vizinhas alertando que eles deixassem suas casas.
Casas destruídas e escolas fechadas. O ataque israelense causou danos na infraestrutura civil. Aulas foram suspensas por dois dias nas áreas atingidas e há relatos de casas atingidas por mísseis em várias cidades.
O Hezbollah afirmou que o líder sênior Ali Karak, chefe da frente sul, está bem e foi transferido para um local seguro. Uma fonte de segurança disse à Reuters que ele foi alvo de um ataque israelense nos subúrbios do sul do Líbano.
O grupo xiita respondeu ataque com mais foguetes. "Os combatentes do Hezbollah bombardearam duas posições militares israelenses, assim como os complexos da indústria militar Rafael, ao norte da cidade de Haifa", indicou o grupo em um comunicado.
É a primeira onda de ataque planejada por Israel, apurou a RFI. Em comunicado à população libanesa, o Exército israelense diz que os ataques "continuarão no futuro próximo" e que serão "maiores e mais precisos". A imprensa libanesa relata que os bombardeios são os piores desde a Segunda Guerra do Líbano, em 2006.
Estratégia de Israel é demonstrar força militar para mudar a posição declarada do Hezbollah de que continuará atacando Israel enquanto não houver um cessar-fogo em Gaza. Outro objetivo do governo é retomar o controle do norte do país, de onde milhares de israelenses fugiram desde que o Hezbollah passou a disparar mísseis contra Israel, em 8 de outubro.
Primeiro-ministro libanês diz que Israel executa um "plano de destruição" contra o país. "A agressão persistente de Israel contra o Líbano é uma guerra de extermínio em todos os aspectos, um plano de destruição que pretende pulverizar os vilarejos e cidades libaneses", afirmou Najib Mikati. No comunicado, ele também pede à ONU e aos "países influentes" para "dissuadir a agressão".
No fim de semana, Israel e Hezbollah trocaram agressões. Pelo menos 45 pessoas foram mortas no Líbano após um ataque israelense. Em resposta, o Hezbollah disparou um míssil que atingiu uma área residencial na cidade israelense de Kiryat Bialik.
Ordem de evacuação
No sul, moradores receberam ligações ordenando que ficassem a mil metros de qualquer posto do Hezbollah, contou um repórter da Reuters que recebeu a chamada. Mais cedo, um porta-voz do Exército israelense, Avichay Adraee, disse que os ataques aéreos contra casas no Líbano, nas quais o "Hezbollah escondia armas", eram iminentes.
Ligações foram "guerra psicológica" para causar estragos e caos, dizem libaneses. O chefe da operadora Ogero, Imad Kreidieh, disse que o Líbano recebeu mais de 80 mil tentativas de ligações que seriam de Israel com a mensagem de evacuação.
O que dizem as autoridades
Estamos determinados a garantir que as pessoas no norte possam voltar para suas casas com segurança. Nenhum país pode tolerar o tiroteio contra seu povo, suas cidades, e nós também não toleraremos.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense
Seremos capazes de alcançar qualquer um que ameace os cidadãos de Israel. É uma mensagem para o Hezbollah, o Oriente Médio e além.
Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel
As ameaças não vão nos parar: estamos prontos para todos os cenários militares.
Naim Qassem, secretário-geral e número dois na hierarquia do Hezbollah
*Com informações de DW, ABr, RFI, AFP e Reuters
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