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Suborno turco e 'doadores falsos': as acusações contra o prefeito de NY

Eric Adams, prefeito de Nova York Imagem: Michael M. Santiago/Getty Images via AFP

Do UOL, em São Paulo

29/09/2024 05h30

Na última quinta-feira (26), o prefeito de Nova York, Eric Adams, foi acusado formalmente por corrupção, fraude e por financiar sua campanha presidencial de maneira ilegal. Entenda as acusações contra o democrata.

O que aconteceu

Prefeito é investigado por receber doações ilegais do governo da Turquia. A denúncia afirma que, em 2021, o prefeito pressionou o Corpo de Bombeiros de Nova York a permitir a abertura de um arranha-céu do Consulado Turco que não tinha sido inspecionado contra incêndios; rompeu laços com um centro comunitário aliado a um movimento contrário ao governo de Recep Tayyip Erdogan, e colocou o gerente da Turkish Airlines nos EUA como membro de seu governo.

Adams teria trocado favores com o governo turco por viagens de luxo. A investigação aponta que Adams recebia gratuidade ou descontos em viagens internacionais pela Turkish Airlines e tinha "tratamento VIP" na Turquia, ganhando hospedagens em hotéis cinco estrelas, refeições e entretenimento gratuito.

Corrupção começou há anos, diz Promotoria. A relação de Adams com o governo da Turquia e empresários do país teria começado em 2015, quando ele ainda representava o distrito do Brooklyn. Naquele ano, ele visitou a Turquia duas vezes, sendo uma das viagens organizada por um funcionário do governo. Desde então, ele viajou pelo menos outras quatro vezes ao país, uma delas para encontrar Erdogan. Em um evento de 2023, Adams disse que "Nova York é a Istambul das Américas".

Após viagens, prefeito tentou esconder ilegalidades. Ele teria omitido as declarações sobre gastos nas viagens, instruindo sua equipe a criar uma "criação de falsos registros" de que teria pago passagens e hospedagem na Turquia, quando recebeu tudo gratuitamente. Além disso, teria deletado mensagens incriminatórias e pedido a seus assessores que fizessem o mesmo.

Democrata financiou campanha por meio de "doadores falsos". Segundo a Promotoria, os maiores doadores da campanha de Adams à Prefeitura de Nova York eram empresários turcos, que teriam influência em seu governo, e outros homens de negócio americanos. As doações de campanha seriam feitas por terceiros, que repassavam os fundos com doações online, cheques e mesmo dinheiro vivo.

Para incrementar a campanha, ainda teria desviado fundos públicos. Adams teria fraudado o programa de financiamento de campanha da cidade de Nova York e desviado US$ 10 milhões de dólares (cerca de R$ 54 milhões) para a própria campanha em 2021.

À Justiça, Adams disse ser inocente. Na última sexta-feira (27), o prefeito de Nova York se declarou inocente perante ao Tribunal do Sul de Manhattan e saiu sem fazer comentários, apenas acenando a imprensa presente no local. Em um vídeo publicado na quinta-feira (26), afirmou que as acusações eram "totalmente falsas, baseadas em mentiras", e que não pretende renunciar ao cargo de prefeito enquanto é investigado.

Adams se elegeu prometendo reduzir crime na cidade. Antigo chefe de polícia da cidade de Nova York, Adams criticava o perfilamento racial realizado pelos oficiais da cidade, sobre o qual ele também foi submetido. Durante sua campanha, promoveu a ideia de reforma na polícia e afirmou que a saúde pública e a economia da cidade eram suas prioridades. Entretanto, uma reportagem do The New York Times indicou que a segurança piorou na cidade depois que o atual prefeito assumiu.

Democrata é primeiro prefeito de Nova York a ser acusado formalmente enquanto ocupa o cargo. Se Eric Adams, de 64 anos, for considerado culpado de todas as acusações, pode cumprir por até 45 anos de prisão. A governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, tem o poder para depor Adams, mas afirmou que "vai tomar seu tempo" para decidir se vai cassar o mandato de um aliado partidário.

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