Brasileira faz apelo para deixar o Líbano: 'Precisamos sair dessa situação'

A brasileira Dima Toufaily fez um apelo ao governo brasileiro para ser retirada do Líbano, que vem sendo bombardeado por Israel desde a última semana.

O que aconteceu

O Itamaraty começou o levantamento para dar assistência aos brasileiros na região, mas ainda não iniciou o processo de retirada. Segundo estimativas do Governo Federal, há cerca de 21.000 cidadãos brasileiros na região.

"Não é só eu, eu e todas as famílias que precisam fugir, precisam sair dessa situação", afirmou Dima em entrevista à RIC TV, filial da Record no Paraná. Ela mora há sete anos em Jlala, a cerca de 40km de Beirute, que também tem sido atingida pelos bombardeios israelenses.

O número de deslocados pelo conflito mais que dobrou. Mais de 250 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas no Líbano, segundo balanço da ONU (Organização das Nações Unidas). Destas, cerca de 200 mil foram alojadas em abrigos dentro do país e mais de 50 mil fugiram para a Síria. O governo converteu escolas e outras instalações em abrigos temporários, mas muitos estão dormindo nas ruas ou em praças públicas.

Dima clama para voltar ao Brasil. Ela está no país com a filha, enquanto o marido a aguarda em Foz do Iguaçu (PR). "Só estou pensando: agora vai bater, agora vou escutar, agora vai vir [um ataque]", lamenta.

Nesta manhã, um novo bombardeio de Israel deixou ao menos 11 mortos no nordeste do país. Os ataques acontecem um dia após o Hezbollah confirmar a morte de de seu líder Hassan Nasrallah.

Brasil ainda não iniciou retirada

O governo Lula (PT) iniciou consultas com os brasileiros no Líbano para saber quem precisa de ajuda para ser retirado. Enquanto isso, em Nova York, a diplomacia brasileira se reuniu com o governo da Síria para pedir ajuda sobre a possibilidade de garantir a passagem de comboios de brasileiros até as cidades de Damasco ou Latakia.

Neste sábado (28), o chanceler Mauro Vieira ainda se reuniu nos EUA com Abdallah Bou Habib, ministro das Relações Exteriores do Líbano. Um dia antes, na tribuna da ONU, representante de Beirute alertou que "a própria existência do Líbano" estava ameaçada.

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O governo brasileiro estima que, até o momento, nenhum país com grandes comunidades residentes no Líbano deu esse passo. O aeroporto de Beirute continua aberto, e as pessoas que desejem podem sair do país por meios próprios, em voos comerciais.

O Itamaraty instrui os brasileiros a deixarem o Líbano. A FAB (Força Aérea Brasileira) afirma que está pronta para a missão, caso seja acionada.

Israel x Hezbollah

Israel e Hezbollah têm se atacado desde o início da guerra em Gaza. Ambos sempre recuaram quando conflito parecia estar prestes a sair de controle. Recentemente, porém, Israel havia alertado sobre uma operação militar maior para interromper os ataques com origem no Líbano e permitir que centenas de milhares de israelenses refugiados retornem para suas casas.

Fronteira entre Israel e Líbano é palco de ataques quase diários. Até segunda (23), os disparos haviam matado cerca de 600 pessoas no Líbano — a maioria combatentes do Hezbollah — e 50 militares e civis israelenses. Também forçaram centenas de milhares de pessoas que moram perto da fronteira a deixarem suas casas, tanto em Israel quanto no Líbano.

Crise aumentou após explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah. O que tem sido considerado como um ataque sem precedentes (assista abaixo) matou, ao todo, 37 pessoas — incluindo duas crianças — e deixou quase 3.000 feridos, segundo balanço do Ministério da Saúde libanês. As explosões foram um duro golpe para o Hezbollah, que culpou Israel e prometeu vingança.

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Países já travaram uma guerra intensa de 34 dias em 2006. O conflito deixou mais de 1.200 mortos do lado libanês, a maioria civis, e cerca de 160 do lado israelense, a maioria soldados. "Israel [agora] quer aumentar a pressão sobre o Hezbollah e forçá-lo a repensar seu alinhamento com Gaza. A situação é muito perigosa, mas ainda há espaço para a diplomacia evitar o pior", disse à AFP o analista político Michael Horowitz.

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