Governo deve repatriar 500 brasileiros do Líbano por semana, diz FAB
A capacidade da FAB (Força Aérea Brasileira) é de repatriar cerca de 500 brasileiros que estão no Líbano por semana. O Ministério das Relações Exteriores contabiliza cerca de 3.000 brasileiros que desejam deixar o país, em meio à escalada das operações militares das Forças Armadas de Israel.
O que aconteceu
Primeiro voo está previsto pousar em Beirute nesta sexta-feira (4), por volta das 16h no horário local (10h em Brasília). Aeronave está em Lisboa e já recebeu autorização para pousar no Líbano. Expectativa é de que voo com 220 pessoas chegue ao Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no sábado (5). Detalhes da operação de repatriação foram divulgados nesta quinta-feira (3) em coletiva de imprensa no Palácio Itamaraty.
A aeronave ficará em Beirute por cerca de quatro horas. De lá, voltará para Lisboa e, em seguida, partirá para São Paulo.
Capacidade operacional é de trazer 500 brasileiros por semana. Com isso, repatriação dos interessados em deixar o Líbano levará cerca de seis semanas. As informações são do comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno. "Temos um número mágico de em torno de 500 pessoas por semana, um fluxo que conseguimos manter", declarou. Segundo Damasceno, só pousaram no Líbano quatro países. "Hoje pousariam mais dois. Seríamos o sétimo país a pousar lá. A expectativa é 500 pessoas por semana, é o que conseguimos segurar bem".
Cerca de 3.000 brasileiros desejam deixar o Líbano. Esse é o número de pessoas que procuraram a Embaixada em Beirute com pedido de repatriação. A maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio atualmente está justamente no Líbano. Ao todo, 21 mil brasileiros vivem no país.
Critério de seleção priorizará brasileiros que não são residentes do Líbano. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na sequência, o os brasileiros residentes no território libanês. "Dentro dessas duas categorias o estabelecido por lei: idosos, mulheres, gestantes, crianças, pessoas com deficiências. Com base nisso e com a disponibilidade de lugares nos aviões, estamos trabalhando e organizando as listas", destacou o ministro das Relações Exteriores.
Mauro Vieira afirmou que a garantia de segurança no pouso e decolagem será dada por autoridades locais. "O que eu queria dizer é que as garantias serão dadas pelas autoridades legais. Se houver algum episódio que não permita a aterrissagem, claro que será adiado. Isso será resultado dos constantes encontros, reuniões e consultas com autoridades", afirmou.
Operação será semelhante à que trouxe brasileiros de Gaza. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a operação está sendo desenhada com base na experiência de repatriação dos brasileiros que estavam em Gaza. "São números grandes, são 20 mil pessoas que vivem no Líbano, e ainda há pessoas de passagem. Vimos as necessidades e possibilidades de partida. Estamos repetindo o que foi feito de outubro a início desse ano com relação aos brasileiros que estavam na Palestina e em Israel. Foi uma operação bem sucedida", disse.
Ataques israelenses contra o Líbano já mataram quase 2 mil pessoas
Os ataques aéreos israelenses a várias regiões do Líbano provocaram morte de quase duas mil pessoas. Os dados são do Ministério da Saúde libanês. Entre as vítimas estão dois adolescentes brasileiros e seus pais, assim como um saldo de milhares de feridos. A situação em Beirute, a capital do país, é descrita como "tensa e terrível" por brasileiros que estão na região, com risco de guerra total.
O processo de repatriação dos brasileiros começou nesta quarta-feira (2). Na ação batizada de Operação Raízes do Cedro, a Força Aérea Brasileira utilizará uma aeronave KC-30, a partir do aeroporto de Beirute, que ainda permanece aberto.
A autorização para a operação foi dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o Brasil fará a repatriação de brasileiros do exterior "em todo lugar que for preciso" e lamentou o comportamento do governo de Israel ao atacar o Líbano.
A região sofre com os contínuos ataques aéreos de Israel contra áreas civis em Beirute, no sul e no Vale do Beqaa. Israel e o grupo Hezbollah do Líbano têm trocado tiros na fronteira desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado, detonada após um ataque do grupo palestino Hamas, aliado do Hezbollah, e que controla Gaza. Na última semana, Israel intensificou sua campanha militar no Líbano.
No ano passado, o Brasil não conseguiu aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito envolvendo Israel e o Hamas. Na ocasião, o voto dos Estados Unidos, um membro permanente, inviabilizou a aprovação, mesmo após longa negociação da diplomacia brasileira.
Outras resoluções apresentadas também fracassaram. Segundo as regras do Conselho de Segurança, para que uma resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto. São eles: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
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