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1º voo para repatriar brasileiros no Líbano é adiado por falta de segurança

O primeiro voo para repatriar brasileiros no Líbano foi adiado por motivos de segurança, anunciou hoje o Ministério das Relações Exteriores. Governo espera que amanhã possa começar a repatriação.

O que aconteceu

Voo sairia de Beirute com 220 brasileiros e faria uma parada em Lisboa, antes de seguir para o Brasil. Em nota, o governo brasileiro citou a "necessidade de medidas adicionais de segurança para os comboios terrestres que se dirigirão ao aeroporto da capital libanesa".

Cerca de 3.000 brasileiros que moram no Líbano pediram ajuda para deixar o país diante da escalada de violência na região, informou o governo. No voo que vai repatriar os brasileiros, estarão a bordo médicos, enfermeiros e psicólogos, além da equipe operacional.

Explosões foram ouvidas nas proximidades do Aeroporto de Beirute na madrugada de hoje, no horário local. Israel bombardeia uma área onde acredita estar Hashem Safieddine, apontado como novo líder do Hezbollah após a morte de Hassan Nasrallah.

Deslocamento de estrangeiros e refugiados preocupa também a ONU. Em carta enviada nesta sexta-feira (4) para o governo de Israel, mais de 30 relatores da Organização das Nações Unidas alertaram que as operações no Líbano estão causando o deslocamento de milhares de pessoas que fogem da violência.

Mais de 1.600 pessoas foram mortas em ataques israelenses no Líbano desde outubro do ano passado. Pelo menos 346.000 foram deslocadas internamente e há planos em andamento para abrigar até um milhão de IDPs. Centenas de milhares cruzaram para a Síria. Muitos dos deslocados já eram refugiados, alguns dos quais enfrentaram discriminação xenófoba durante a última crise. Mais de dois terços são mulheres e crianças, que enfrentam impactos distintos e de gênero.

Risco em aeroporto e negociações preocupam governo brasileiro

A reportagem apurou que uma ala no Itamaraty teme que o aeroporto de Beirute não funcionará por tempo indeterminado. Ou seja, se a crise escalar ainda mais, o aeroporto pode ser fechado, o que exigirá que o governo planeje rotas alternativas para a retirada dos brasileiros. A Síria, que faz divisa com o Líbano, seria uma alternativa.

Fontes disseram à reportagem que o Brasil também já dialoga com Israel sobre o tema. Os israelenses possuem o controle aéreo da região atualmente. Brasil e Israel, porém, vivem a pior crise diplomática em décadas, após o presidente Lula condenar os ataques em Gaza e no Líbano durante sua fala na Assembleia da ONU.

Após reuniões nesta sexta-feira (4), o chanceler Mauro Vieira decidiu cancelar compromissos que teria na Europa. Nos próximos dias, ele faria viagens para Portugal, Espanha e Irlanda para tratar temas bilaterais.

Brasileiros no Líbano

Estimativa do governo é de que 20 mil brasileiros vivam no Líbano. A consulta para aqueles que desejam repatriação segue aberta, e a população pode procurar o Itamaraty pelos seguintes números: sala de operações do Sul do Líbano: 07753684; sala de operações de Baalbeck Hermel: 08371479; sala de operações de Nabatiyyeh: 07769002; sala de operações do Bekaa: 08803905.

Quantidade exata de pedidos de repatriação não foi informada. O levantamento preliminar foi informado por fontes do Itamaraty ao colunista do UOL Jamil Chade, na manhã desta terça. O Palácio do Planalto trabalhava com o número de 2.000 pessoas até o fim de semana, mas os pedidos de repatriação cresceram vertiginosamente nos últimos dois dias.

Operação de larga escala será necessária, já que o número de pedidos de repatriação no Líbano ultrapassa os de repatriados em Israel e Gaza somados desde 7 de outubro de 2023. Por isso, o governo continua orientando que aqueles brasileiros que consigam deixar o país por conta própria o façam. Número de requisições se equipara ao de 2006, ano da última incursão terrestre de Israel no Líbano. Naquela ocasião, 3.000 pessoas deixaram o país com auxílio do governo brasileiro.

Dois adolescentes brasileiros e seus pais estão entre as mais de mil vítimas fatais dos ataques aéreos israelenses em várias regiões do Líbano, que se intensificaram desde o último dia 17. A situação em Beirute, a capital do país, é descrita como "tensa e terrível" por brasileiros que estão na região.

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