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Popularidade de Milei cai 12 pontos em 4 meses, mostram pesquisas

Milei foi alvo de protestos recentemente; no cartaz à direita, lê-se: 'Eleitor arrependido, seja bem-vindo!' Imagem: Michael M. Santiago e Emiliano Lasal/Getty Images e AFP

Do UOL, em São Paulo

08/10/2024 10h14

A avaliação positiva do presidente da Argentina, Javier Milei, foi de quase 54% em maio para 42% em setembro — uma queda de 12 pontos percentuais em quatro meses, segundo pesquisas de opinião publicadas no jornal El País. Agora, mais argentinos o veem de forma negativa do que positiva.

O que aconteceu

Avaliação negativa subiu 22 pontos desde o início do mandato. Em dezembro de 2023, quando Milei assumiu a presidência, 24,54% dos argentinos o avaliavam negativamente, e 48,01% o viam de forma positiva. Nas pesquisas de setembro, porém, a avaliação negativa alcançou 46,42%, enquanto a positiva ficou em 41,88%, 12 pontos abaixo do pico de 53,85% registrado em maio.

Para analistas, eleitores entraram na 'fase do desencanto' com Milei. "Não é uma situação terminal, mas já começa a ser notável a queda na sua aprovação", diz ao El País a analista Analía Del Franco. "O problema de Milei é que, no dia a dia, nada está mudando, para não dizer que está pior. Há também outra questão: a sensação de que o presidente não dá respostas ao que a população está pedindo".

Aspectos do estilo duro do presidente começam a incomodar mais. O jornal espanhol cita como exemplo um evento de semana passada, quando Milei discursou para cerca de 5.000 apoiadores no Parque Lezama, em Buenos Aires, e xingou jornalistas, políticos, sindicalistas e empresários de "casta podre". Segundo Pablo Touzón, diretor da consultoria Escenarios, depender do humor da população é um problema, porque não está claro qual setor da sociedade apoiaria Milei em caso de um agravamento da situação política e econômica.

Ajustes promovidos por Milei não recaem só sobre a política. Recentemente, o presidente argentino revoltou parte da população ao vetar leis que garantiam o aumento das aposentadorias e melhorias no orçamento de universidades públicas, mesmo após uma manifestação de professores e alunos que reuniu 300 mil pessoas só em Buenos Aires. Nos dois casos, Milei usou o argumento de que não cederia aos deputados e senadores que colocam em risco sua política de controle dos gastos.

Queda da popularidade ainda não preocupa, mas acende alerta. Para os analistas ouvidos pelo El País, o presidente argentino não tem motivos para temer pelo futuro de seu governo — ao menos por enquanto. "O fim da lua de mel é algo esperado após dez meses [de governo], e a fase fácil de Milei terminou. Mas todos os seus aliados e rivais também têm imagens negativas. Dentro de tudo o que é esperável, a 'luz' de Milei ainda não se apagou", analisa Touzón.

É lógico que haveria uma queda, porque já se passaram dez meses. O problema de Milei é que, no dia a dia da população, nada está mudando, para não dizer que está pior. (...) E alguns aspectos de seu estilo começam a incomodar mais. Seu estilo de xingamentos sempre incomodou, até mesmo aos próprios apoiadores, mas se além disso você não dá dinheiro [ao povo] e é grosseiro, a situação se complica.
Analía Del Franco, analista, em entrevista ao El País

Embora seja verdade que Milei depende de bons índices de popularidade, mais do que outros presidentes, também é verdade que há muito tempo a oposição não estava tão diluída como está neste momento. As pessoas que não querem Milei também não querem que nada do que já esteve ali. (...) Hoje ninguém vê uma opção superior ou que tenha o 'músculo' necessário para enfrentar Milei.
Mariel Fornoni, sócia-diretora da Management & Fit, ao El País

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