'Sem destino', diz brasileiro em cruzeiro próximo ao furacão Milton
Do UOL, em São Paulo
09/10/2024 23h07Atualizada em 10/10/2024 11h47
Enquanto o furacão Milton passa pela Flórida, nos Estados Unidos, um grupo de brasileiros relata momentos de apreensão durante um cruzeiro que partiu de Tampa .
O que aconteceu
Ao UOL, brasileiro relatou que o cruzeiro teve a rota alterada devido ao fenômeno. Segundo o empresário Kadu Rodrigues, a notícia foi dada pela administração aos ocupantes do cruzeiro após a chegada do furacão Milton à costa dos EUA.
Os brasileiros estão entre Bahamas e a costa da Flórida — localização próxima à área de passagem do furacão. Rodrigues narrou que foram informados do desvio da rota do furacão pelos megafones do navio Grandeur of The Seas, que opera cruzeiros da Royal Caribbean. Sem ter onde parar por falta de segurança, decisão da tripulação foi manter o destino sem definição.
Furacão tocou o solo da Flórida na noite desta quinta (10). Apesar de uma tensão inicial, o brasileiro disse que os passageiros estão tranquilos. Segundo ele, a equipe do cruzeiro está prestando auxílio aos ocupantes à medida que notícias sobre o evento climático se espalham. Os viajantes foram orientados para não acessar a área externa do navio durante a tempestade.
Brasileiro acreditou que chegada do furacão não iria interferir na viagem. Saído de Tampa, o cruzeiro deveria partir da costa estadunidense e passar pelo México, até retornar à cidade de origem. Contudo, o fenômeno climático provocou uma mudança de planos.
A tripulação avisou sobre a chegada de um furacão, mas não previa uma piora da situação. Rodrigues disse à reportagem que após tomarem conhecimento do evento climático, ainda antes da partida, no dia 7 de outubro, anunciaram um novo ponto final: Bahamas. No entanto, durante a navegação, disseram aos ocupantes que não ia ser possível completar a viagem até definição do estágio do furacão.
Estão no navio, além do empresário, seu marido Rafael Rafaldini, sua mãe, Andréia Rodrigues e uma amiga, Débora Santana. Atualmente, a embarcação navega no Atlântico Norte próxima a ilhas de Bahamas.
Ocupantes do navio estão bem
Apesar de incerteza, brasileiros tentam se manter calmos. Inicialmente, conta Rodrigues, houve uma apreensão. Mas após serem informados sobre a segurança do navio, apenas torcem para melhora da situação sem grandes danos.
Agora que a gente não sabe onde vai parar, a gente se sente meio sufocado. Mas a princípio está tudo correndo de forma tranquila. Mais cedo o navio começou a chacoalhar, agora está tremulando um pouco. Mas tirando a saída da rota, tudo tranquilo aqui dentro.
Kadu Rodrigues, empresário
"Menos ocupantes do que o esperado". Segundo o empresário, o grupo acreditava que iria encontrar o navio mais cheio, mas quem insistiu em manter a viagem está preferindo ficar nos quartos, relatou.
O UOL tenta contato com a Royal Caribbean, que administra o cruzeiro, para saber sobre a situação dos ocupantes da embarcação. Havendo retorno, o texto será atualizado.
Furacão Milton tocou o solo da Flórida
O furacão Milton, considerado um dos mais perigosos dos últimos tempos pelas autoridades americanas, tocou o solo na Flórida por volta das 20h30 (horário local; 21h30, horário de Brasília), nesta quarta-feira (9), segundo último boletim divulgado pelo NHC (Centro Nacional de Furacões).
Dados de satélite indicam que o olho do furacão Milton atingiu Siesta Key, no Condado de Sarasota. O fenômeno chegou à costa acompanhado de ventos máximos estimados em 193 km/h, conforme relatório da agência. "Os moradores devem continuar se abrigando e vigilantes", escreveu a Divisão de Gerenciamento de Emergências da Flórida, nas redes sociais.
Centros de evacuação em Sarasota estão lotados. Quase 10 mil pessoas e 1.700 animais de estimação estavam em abrigos na cidade, que tem 57 mil habitantes. Esse seria o maior número já registrado durante uma evacuação, disseram autoridades de gerenciamento de emergência à rede de TV NBC News.
Furacão Milton surgiu na costa mexicana e chegou à Flórida na noite desta quarta (9). O fenômeno se intensificou rapidamente entre segunda (7) e terça-feira (8), com rajadas de vento ultrapassando os 280 km/h, mas desacelerou ao se aproximar do continente. Para ser considerado furacão, são necessárias algumas características específicas, como a origem tropical e a velocidade dos ventos superior a 119 km/h (ou 75 mph).
Moradores foram alertados para se prepararem para o pior dos furacões nos últimos tempos. O prefeito da cidade de Bradentown, Gene Brown, pediu para aqueles que decidiram ficar escrevam seus nomes nos braços. Isso seria necessário para que as pessoas sejam identificadas no caso de morte em decorrência da passagem do furacão.
Vai ser poderoso. Então, por favor, tomem as precauções adequadas. Ele [furacão Milton] tem o potencial de causar muitos danos.
Governador da Flórida, Ron DeSantis
Milton causou estragos em outros lugares antes de chegar aos EUA. Ele provocou inundações, apagões, falhas nas redes de telefonia celular e o transbordamento de rios em Yucatán (México), e alagamentos e corte de energia em Havana (Cuba). Nenhum dos dois países, no entanto, esteve na rota do furacão.
Histórico de furacões nos EUA
Pelo menos 301 furacões passaram pelos Estados Unidos entre 1851 e 2022. A Flórida somou 120 tempestades neste período e o Texas, 63. Depois, surgem os estados da Louisiana (63), Carolina do Norte (58), Carolina do Sul (32), Alabama (23) e Georgia (21). Ao todo, 19 estados norte-americanos já foram afetados por algum tipo de furacão.
Flórida e Texas são afetados por 61,1% de todos os furacões. A explicação está na proximidade com o Golfo do México e Caribe, onde o clima e as águas do mar permanecem quentes, além de ventos favoráveis, que criam o cenário perfeito para tempestades furiosas.
EUA ainda não se recuperaram do furacão Helene, visto no mês passado. Ele se tornou o mais mortal desde Katrina. Foram mais de 200 mortes, segundo balanço divulgado por autoridades. Houve mortes em pelo menos seis estados por onde a tempestade avançou.
Lista de países na rota de tufões e furacões
Os Estados Unidos constam como uma das nações mais afetadas por furacões. México, Cuba, Bahamas, Filipinas, Japão e Taiwan também aparecem em relatórios da NOAA e outras agências de monitoramento climático, como o NHC (Centro Nacional de Furacões, em inglês) e o Centro de Previsão de Tufões.
Furacão e tufão são nomes diferentes, mas o fenômeno é o mesmo. Isso está relacionado à localização do surgimento do evento: toda tempestade tropical superior à velocidade de 119 km/h que surge no Oceano Atlântico é chamada de furacão, e no Oceano Pacífico, de tufão.