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OPINIÃO

Josias: Milei veio ao G20 para servir de estorvo, uma espécie de mini-Trump

Colaboração para o UOL

18/11/2024 12h14

A participação de Javier Milei, presidente da Argentina, no G20 tem apenas um intuito: atrapalhar o encontro dos principais líderes mundiais no Brasil, como se quisesse exercer o papel reservado a Donald Trump, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (18).

Josias destacou o cumprimento "seco" entre Lula e Milei no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro, local da cerimônia de abertura do evento. Para o colunista, o gesto reflete a intenção do líder argentino em conturbar o G20. A Argentina foi o único dos 19 países que compõem o G20 que não aderiram à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza até o domingo. Milei assinou o documento apenas nesta segunda-feira, após a oficialização do grupo.

Milei não presta atenção aos pobres nem no país dele. Não haveria de fazer isso em relação aos pobres do mundo. Ele agora está conduzindo um programa econômico muito draconiano: controla a inflação e reduz o déficit público à custa de expansão da miséria absoluta na Argentina, que está agora ultrapassando a faixa dos 50% de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.

A pobreza não é uma prioridade do Milei. Era previsível que ele não assinasse esse acordo para a composição da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Agora, está se tentando ali num esforço de última hora convencê-lo a assinar.

Isso é, de fato, o grande feito do Lula nesse encontro do G20 e Milei não veio aqui colocar azeitona na empada do Lula. Ao contrário: veio para servir de estorvo, percorrendo ali o G20 como uma espécie de 'mini-Trump'. O objetivo dele é atrapalhar as coisas e não fazer acordos. Josias de Souza, colunista do UOL

Josias exaltou a iniciativa do governo Lula em formar uma aliança global no combate à fome e à pobreza, mas fez um alerta sobre como o projeto será financiado.

É preciso ver como se dará a consequência desse acordo. Formou-se uma grande aliança e o tema é caro ao Lula. Também deveria ser ao mundo, porque a pobreza pelo globo é grande. Deve-se ver como isso se materializará.

Até agora, há um aporte importante e expressivo de US$ 25 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID], mas mesmo isso não é dinheiro novo. O BID está tirando de projetos que ele já tem e está direcionando para essa Aliança Global contra a Fome e a Miséria. É de supor que os programas que o BID está esvaziando eram também de natureza social.

Havia a previsão de aprovação de um imposto sobre grandes fortunas, que também abasteceria essa aliança, mas não é líquido e certo que isso seja incluído no comunicado final do G20. Se for, será de uma maneira anódina, que deixará na dependência da vontade dos países, que não é grande, de sobretaxar os super-ricos.

A intenção é muito boa, e o ponto de vista do Lula tem lógica, mas é preciso ver do ponto de vista prático como isso se dará e de onde virá o dinheiro. Josias de Souza, colunista do UOL

Carlos Nobre: Biden viu destruição da Amazônia e fez vários questionamentos

Joe Biden acompanhou de perto a destruição da Amazônia, viu incêndios na floresta e fez diversos questionamentos, revelou o colunista Carlos Nobre. O cientista e climatologista foi o único brasileiro presente no sobrevoo feito pelo presidente dos Estados Unidos sobre a região ontem.

Quando nós voamos, foram 25 minutos em um helicóptero, saindo de Manaus. Ele viu a destruição, que já existe ali do lado de Manaus. Vimos toda aquela área desmatada, degradada, e regiões com incêndios que aconteceram recentemente e aqueles do ano passado, com milhares de árvores mortas.

Passamos em cima de dois incêndios acontecendo na floresta, um pouco a nordeste de Manaus, e isso nos surpreendeu muito. É bastante preocupante. Conversei bastante com o presidente, mostrando que os rios Negro, Solimões e Amazonas atingiram o menor valor de volume da história. Vimos rios que chegam ao Amazonas sequíssimos, com áreas muito degradadas.

Foi bem interessante a conversa para mostrar ao presidente Biden o risco que temos na Amazônia. Falei para ele que temos a pior seca da história da Amazônia, e isso é aquecimento global, e também de toda a destruição que temos feito há muitas e muitas décadas, mas que infelizmente continua.

Biden fez várias perguntas enquanto estávamos sobrevoando aquela região de Manaus sobre o que estava acontecendo ali. Fez perguntas científicas, como por que o rio Negro é tão negro. Carlos Nobre, colunista do UOL

Assista ao comentário na íntegra:

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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