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Minas antipessoais: armas liberadas para Ucrânia são vetadas em 150 países

Minas antipessoais Imagem: Divulgação/ICBLCMC

Do UOL*, em São Paulo

20/11/2024 14h56

O presidente Joe Biden aprovou o fornecimento de minas terrestres antipessoais para a Ucrânia. A informação é de uma autoridade norte-americana à Reuters, que falou sob anonimato. A decisão pode ajudar a desacelerar os avanços russos no leste do país, especialmente se forem usadas junto com outras munições dos EUA.

O que são as minas antipessoais

As minas terrestres são dispositivos que explodem quando uma pessoa se aproxima ou entra em contato com elas. Essas minas continuam matando e mutilando pessoas muito depois do fim dos conflitos, já que ficam enterradas ou escondidas no solo mesmo após o fim dos conflitos. Elas são usadas em emboscadas e para alterar rotas inimigas.

Tentativa de impedir o avanço de tropas terrestres. Os EUA forneceram minas antitanques (desenvolvidas para detonar veículos blindados) à Ucrânia durante a sua guerra com a Rússia, mas o acréscimo agora de minas antipessoais busca impedir o avanço de tropas terrestres russas.

Minas oferecidas pelos EUA seriam 'temporárias'. As minas norte-americanas diferem das da Rússia por serem "não persistentes" e se tornarem inertes após um período predefinido. Elas precisam de bateria para detonar e não explodirão quando a bateria acabar, segundo as fontes ouvidas pela Reuters.

Desde 1997, uma convenção proíbe o uso, a produção, o armazenamento e a transferência dessas armas e exige a tomada de medidas para prevenir e remediar seus efeitos duradouros. Mais de 3/4 dos países (mais de 150, no total) do mundo aderiu ao tratado — os EUA e a Ucrânia não estão inclusos.

EUA esperam que a Ucrânia utilize as minas em seu próprio território. No entanto, o país se comprometeu a não as usar em áreas povoadas por seus próprios civis, disse a autoridade. O jornal Washington Post foi o primeiro a publicar a notícia.

Mortes em alta

Minas e resíduos explosivos de guerra mataram ou feriram pelo menos 5.757 pessoas no ano passado, ante 4.710 vítimas em 2022. Deste número, 84% eram civis, em cerca de 50 países. Os números são do relatório anual do Observatório de Minas Antipessoais, divulgados coincidentemente hoje pela Campanha Internacional para Banir Minas Terrestres (ICBL, em inglês).

A ICBL condenou a decisão dos EUA. "Este desenvolvimento alarmante não apenas contradiz a política declarada dos próprios Estados Unidos contra transferências de minas terrestres, mas também ameaça minar décadas de progresso na eliminação dessas armas indiscriminadas", afirmou a instituição em nota.

Cruz Vermelha afirma que as minas antipessoais deixam um legado de morte, lesões e sofrimento. "Ao serem pisadas, podem ferir ou matar uma ou mais pessoas, normalmente crianças, com consequências permanentes para as vítimas e as suas famílias. A contaminação por minas inutiliza vastas áreas de terra fértil, compromete a produção de alimentos e destrói meios de subsistência."

*Com informações da Reuters e da AFP

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