Netanyahu aceita acordo de cessar-fogo com Hezbollah no Líbano

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovou nesta terça-feira (26) um cessar-fogo com o grupo libanês Hezbollah após dois meses de guerra no Líbano.

O que aconteceu

Netanyahu afirmou que o acordo de cessar-fogo será apresentado ao gabinete para aprovação. "A duração do cessar-fogo depende do que acontecer no Líbano", disse. A expectativa é que o acordo entre em vigor nesta quarta-feira (27).

O primeiro-ministro declarou que o acordo significa que Israel poderá se concentrar na "ameaça iraniana". Ele também prometeu devolver famílias do norte de Israel às suas casas. Netanyahu descreveu que o Hezbollah já não é o mesmo grupo "que lançou uma guerra contra nós" e que Israel conseguiu "lançar o grupo décadas para trás". "Conseguimos alcançar muitos dos nossos objetivos durante esta guerra", declarou.

Caso o grupo extremista viole o acordo de cessar-fogo, Israel vai reagir "com muita força", segundo declarou Netanyahu. O líder israelense ressaltou que Hassan Nasrallah e "todos os líderes" do Hezbollah foram mortos. "Destruímos a maioria dos foguetes e mísseis. Matamos milhares de terroristas e destruímos a infraestrutura subterrânea e terrorista perto das nossas fronteiras".

Netanyahu diz que há três razões para o cessar-fogo. A primeira é se concentrar no Irã, a segunda é permitir que as tropas descansem e reabasteçam os estoques de armas, e a terceira razão, diz ele, é desvincular as frentes norte e sul e isolar o Hamas. "Com o Hezbollah fora de cena, o Hamas fica sozinho na campanha. A nossa pressão aumentará", diz ele, ao citar que isso permitirá a Israel trazer os reféns para casa.

Primeiro-ministro acrescentou que está "determinado" a manter os soldados de Israel vivos e seguros. "É por isso que esta noite apresentarei ao gabinete um plano para um cessar-fogo no Líbano", destacou.

A decisão de cessar-fogo ocorreu após uma reunião do gabinete do primeiro-ministro israelense. O Líbano e o Hezbollah já haviam aprovado a proposta e enviado seus comentários à embaixada americana no dia 18 de novembro, informou Ali Hassan Khalil, assessor do presidente do Parlamento Nabih Berri, à Reuters.

O acordo exige que as tropas israelenses se retirem do sul do Líbano e que o Exército libanês se posicione na região dentro de 60 dias. O Hezbollah, por sua vez, encerraria sua presença armada ao longo da fronteira ao sul do rio Litani.

Nos últimos dias, os EUA, a União Europeia e a ONU intensificaram os esforços para a imposição de uma trégua. Em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7, o chefe de polícia externa da UE já havia dito que não havia desculpa para não implementar o acordo com o Hezbollah e fez pressão pela aprovação de Israel.

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Há mais de um mês, o Líbano esperava pelo cessar-fogo. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse em outubro que estava fazendo tudo o que era possível para a negociação e que estava otimista com a possibilidade. A expectativa, no entanto, foi frustrada por Israel, que sinalizou rejeição com expansão de ataques.

Em meio aos avanços diplomáticos durante a semana, houve ainda uma escalada militar na terça. Ataques aéreos israelenses demoliram mais subúrbios do sul de Beirute controlados pelo Hezbollah, enquanto o grupo armado manteve os disparos de foguetes contra Israel.

Resultados da guerra

No último ano, mais de 3.750 pessoas foram mortas no Líbano e mais de um milhão foram forçadas a deixar suas casas. A informação é do Ministério da Saúde do Líbano, que não faz distinção entre civis e combatentes em seus números.

Pessoas inspecionam a destruição após um ataque aéreo israelense noturno na vila de Shebaa, no sul do Líbano, perto da fronteira entre os dois países, em 27 de setembro de 2024
Pessoas inspecionam a destruição após um ataque aéreo israelense noturno na vila de Shebaa, no sul do Líbano, perto da fronteira entre os dois países, em 27 de setembro de 2024 Imagem: RABIH DAHER/AFP

Os ataques do Hezbollah mataram 45 civis no norte de Israel e nas Colinas de Golã ocupadas por Israel. Pelo menos 73 soldados israelenses foram mortos no norte de Israel, nas Colinas de Golã e em combate no sul do Líbano, de acordo com as autoridades israelenses.

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Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, e outros comandantes importantes foram mortos. Hassan liderava o grupo desde 1992 e evitava aparições públicas por medo de ser assassinado. Ele foi morto pelo Exército Israelense no dia 18 de setembro.

Destroços de prédios atingidos pelo ataque de Israel que matou o líder do Hezbollah Hassan Nasrallah em Beirute
Destroços de prédios atingidos pelo ataque de Israel que matou o líder do Hezbollah Hassan Nasrallah em Beirute Imagem: AFP

Líbano vive destruição generalizada. Agora, o países fica com uma enorme conta de reconstrução após o desastre causado e com 1 milhão de moradores desabrigados durante o inverno.

Em Israel, o cessar-fogo abre caminho para que 60 mil pessoas retornem às suas casas no norte. Esses moradores teriam saído quando o Hezbollah começou a disparar foguetes em apoio ao seu aliado palestino Hamas, um dia após o ataque do grupo em 7 de outubro de 2023.

13.out.2024 - Um homem passa pelos escombros de uma loja um dia após um ataque aéreo israelense atingir o mercado da cidade de Nabatiyeh, no sul do Líbano
13.out.2024 - Um homem passa pelos escombros de uma loja um dia após um ataque aéreo israelense atingir o mercado da cidade de Nabatiyeh, no sul do Líbano Imagem: Abbas FAKIH / AFP

Início do conflito entre Israel e Hezbollah

A guerra entre o Hamas e Israel estendeu-se também ao aliado grupo libanês. Um dia após o ataque surpresa do Hamas contra Israel, o Hezbollah usou uma posição no Líbano para disparar mísseis e artilharia contra os campos de Shabaa, na fronteira entre os dois países.

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Em resposta, Israel bombardeou dois locais ocupados pelo Hezbollah. Segundo o porta-voz das Forças de Defesa do país, os ataques foram feitos por via terrestre com tanques de guerra. Um helicóptero também atingiu outro local da organização islâmica.

Após meses de trocas de ofensivas desde outubro de 2023, os ataques se intensificaram após explosões dos pagers em setembro. Explosivos foram implantados previamente por Israel em pagers que o Hezbollah havia encomendado de uma empresa de Taiwan, matando nove pessoas e deixando mais de 2 mil ferido no Líbano.

19.set.2024 - Libaneses carregam os caixões dos membros do Hezbollah mortos após explosão de pagers e walkie-talkies
19.set.2024 - Libaneses carregam os caixões dos membros do Hezbollah mortos após explosão de pagers e walkie-talkies Imagem: Emilie Madi/Reuters

* Com informações da Reuters

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