Conteúdo publicado há 2 meses

Explosivos foram escondidos por Israel em pagers do Hezbollah, diz jornal

Explosivos foram implantados previamente por Israel em pagers que o Hezbollah havia encomendado de uma empresa de Taiwan, segundo informação apurada pelo The New York Times junto a autoridades americanas. Explosões de pagers feriram embaixador do Irã, mataram nove pessoas e deixaram mais de 2.000 feridos no Líbano nesta terça-feira (17).

O que aconteceu

Israel escondeu o material explosivo no lote encomendado pelo Hezbollah. Segundo a publicação, que ouviu fontes oficiais que não quiseram se identificar, os pagers foram adulterados antes de chegarem ao Líbano. A pequena quantidade de explosivo teria sido colocada próximo à bateria de cada aparelho.

Pagers receberam uma mensagem que ativou os explosivos. Fontes disseram ao jornal que os pagers foram programados para emitir um sinal sonoro durante alguns segundos antes da detonação. As explosões ocorreram de forma simultânea por volta das 15h30 (9h30, em Brasília).

Uma fonte próxima ao Hezbollah atribuiu as explosões a um ataque cibernético "israelense". O ministro libanês da Saúde, Firass Abiad, disse à AFP que "centenas de pessoas ficaram feridas em diferentes regiões do Líbano" devido à explosão dos seus pagers.

Israel não se pronunciou diretamente sobre as explosões. No site das IDF (Forças de Defesa de Israel), há apenas um registro feito às 13h55 (horário local) sobre a identificação "vários terroristas do Hezbollah operando na estrutura militar da organização na área de Blaida, no sul do Líbano". "Fechando o círculo do ar, caças atacaram o prédio e mataram três terroristas que operavam lá", diz o registro.

O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, ficou ferido em uma das explosões. De acordo com a televisão estatal iraniana, o diplomata "está consciente". Na Síria, 14 membros do Hezbollah também ficaram feridos, afirmou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Segundo o ministro, a maioria das vítimas apresenta ferimentos "no rosto, nas mãos, no abdômen e até mesmo nos olhos". Não houve comentário imediato das Forças Armadas israelenses, que vêm trocando disparos com o Hezbollah desde outubro passado, paralelamente à guerra de Gaza.

Fotógrafos da agência de notícias AP (Associated Press) nos hospitais da região descreveram que as urgências estavam sobrecarregadas de feridos, muitos deles com ferimentos nos olhos, na barriga e nas mãos e alguns em estado grave.

Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano
Homem mostra como ficou pager após explosão no Líbano Imagem: Reprodução/Telegram
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Pagers se popularizaram nos anos 1990. Os aparelhos caíram em desuso devido à evolução dos celulares, mas ainda hoje são o meio de comunicação preferido pelo Hezbollah para evitar o risco de interceptação de mensagens. No Brasil, eles ficaram conhecidos como "bipes".

A agência oficial de notícias do Líbano relatou que o sistema "foi hackeado com alta tecnologia". "Um incidente de segurança sem precedentes nos subúrbios ao sul de Beirute e em várias regiões libanesas", afirmou a agência.

O movimento Hezbollah havia pedido aos seus membros que parassem de usar celulares. O objetivo era evitar o risco de intercepção por parte de Israel. Por isso, o grupo islâmico xiita instalou um sistema de pagers, que não necessita de cartões SIM ou conexão com a internet, para se organizar e convocar seus integrantes para ingressar em suas unidades.

Após as explosões, o Hezbollah pediu que membros joguem aparelhos fora. "Cada um que receber um novo pager, jogue-o fora", diz uma mensagem de voz que circulou entre os membros do Hezbollah, segundo um dos membros, que a compartilhou com o The Washington Post.

Hezbollah promete vingança

O grupo terrorista prometeu vingança após as explosões. "Agressão criminosa que também teve como alvo civis", diz comunicado do Hezbollah. O grupo afirmou que os seus "mártires e feridos" foram sacrificados. Os representantes anunciaram que a resposta virá "de onde o inimigo a espera e de onde não a espera".

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O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, não ficou ferido após as explosões. A informação foi revelada por uma fonte importante do Hezbollah à Reuters.

Líbano anunciou que está preparando uma queixa no Conselho de Segurança da ONU. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que começou a preparar uma queixa para apresentar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas depois que milhares de pessoas ficaram feridas em todo o país.

Os Estados Unidos afirmaram que não estão envolvidos nas explosões. A Casa Branca também destacou que não tinha conhecimento prévio de que o ataque, atribuído a Israel, ocorreria. "Posso dizer a vocês que os Estados Unidos não estiveram envolvidos nisso, que não tinham conhecimento prévio sobre este incidente e que, neste momento, estamos reunindo informações", declarou à imprensa o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller.

*Com informações da AFP e Reuters

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