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Por que premiê francês foi destituído pelo Parlamento 90 dias após assumir?

Michel Barnier, nomeado primeiro-ministro da França, em foto de 22 de novembro de 2021 Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

Do UOL, em São Paulo

04/12/2024 18h41

A Assembleia Nacional da França aprovou nesta quarta-feira (4) uma moção de censura que derruba o primeiro-ministro Michel Barnier, após breve mandato de 90 dias.

Por que ele foi destituído?

Indicação de Barnier irritou a esquerda. O presidente da França, Emmanuel Macron, se recusou a escolher um premiê indicado pela aliança de esquerda e acabou nomeando Barnier como primeiro-ministro, em nome da "estabilidade", segundo a agência de notícias Deustche Welle.

Barnier só conseguiu apoio da aliança de centro-direita do presidente, Emmanuel Macron, e de seu próprio partido conservador. Com isso, segundo a Deutsche Welle, formou um governo de minoria e sua sobrevivência passou a depender da líder de ultradireita Marine Le Pen, que decidiu pela queda nos últimos dias.

Uma disputa sobre o orçamento e o uso de um artigo controverso precipitaram a destituição. Segundo a DW, a negociação dos orçamentos para 2025 foi o gatilho para que o Parlamento aprovasse a moção de censura.

O primeiro-ministro havia sido nomeado para lidar com um rombo cada vez maior nas contas públicas, mas seu pacote de austeridade foi criticado. O plano de Barnier previa 40 bilhões de euros em cortes e aumentos de impostos —também incluía medidas controversas como o adiamento do reajuste de pensões.

A situação aumentou as tensões. Le Pen acusou Barnier de ignorar as demandas de seu partido nas negociações sobre o orçamento. "Todos devem assumir suas responsabilidades", disse.

Barnier, então, recorreu a um mecanismo constitucional que permite a aprovação de leis sem o aval do Parlamento, uma medida vista como autoritária por parte da oposição. Partidos de esquerda e a extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, se uniram contra o governo, argumentando que o primeiro-ministro ignorava o diálogo democrático.

O que acontece agora?

Haverá uma transição de poder. Apesar de destituído, Barnier continuará à frente do governo apenas para tratar de assuntos correntes, até que Macron escolha um sucessor.

Mudança representa desafios para Macron. A escolha de um novo primeiro-ministro será crucial para tentar unificar o Parlamento, que segue dividido em três blocos: centristas, extrema-direita e esquerda. Entre os possíveis sucessores estão François Bayrou, veterano centrista aliado de Macron, e Sébastien Lecornu, ex-ministro do Exército.

A destituição de Barnier aprofunda a crise política na França. O país já enfrenta dificuldades para aprovar medidas essenciais em um Parlamento fragmentado. Barnier se tornou o primeiro premiê da Quinta República a ser deposto por moção de desconfiança desde 1962, registrando o mandato mais curto da história recente do país. Sem possibilidade de dissolução do Parlamento até 2025, conforme prevê a Constituição, a instabilidade pode dificultar ainda mais a governabilidade.

*Com informações de Deutsche Welle

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