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Irã diz estar 'surpreso' que regime Assad não conseguiu parar rebeldes

Rebeldes na traseira de um carro na praça das Omíadas, em Damasco Imagem: Louai Beshara/AFP

Do UOL, em São Paulo

08/12/2024 19h47Atualizada em 09/12/2024 00h28

O Irã manifestou "surpresa" neste domingo (8) pela "incapacidade" do exército do regime sírio, sob a liderança do deposto Bashar al-Assad, em conter o avanço dos rebeldes nos últimos dias. Insurgentes tomaram o poder no país e criaram um novo governo após a fuga de Assad para a Rússia.

O que aconteceu

Sistemas de inteligência e segurança iranianos estavam "totalmente cientes dos movimentos em andamento" em Idlib e outras cidades sírias. Em entrevista televisionada neste domingo, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse que as informações relevantes obtidas pelo país foram repassadas para o governo e exército sírios. Os rebeldes tomaram Damasco na madrugada deste domingo (horário local), sem resistência aparente por parte das forças de segurança.

O que foi surpreendente foi a incapacidade do exército sírio de conter esse movimento e a velocidade dos acontecimentos.
Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã

O chanceler iraniano falou que a relação com a Síria agora dependerá do comportamento dos rebeldes. Araghchi ponderou que o país ainda analisa qual será a distância deles com o novo governo sírio, informou a Al Jazeera. O Irã e a Rússia eram um dos principais apoiadores do regime Assad — sendo o primeiro, um dos responsáveis por trabalhar durante anos para manter o ditador sírio no poder durante a guerra civil.

O chanceler afirmou que o Irã já conversou com "várias partes" do novo governo sírio. A conversa, segundo Araghchi, seria referente à segurança da embaixada e do consulado iraniano em Aleppo, bem como a segurança dos santuários sagrados de Zaynab e Ruqayyah na Síria. "Recebemos garantias de que a santidade desses locais será preservada e que o respeito por nossa embaixada também será mantido", disse.

Araghchi também comentou sobre a invasão ocorrida na embaixada iraniana neste domingo. "Infelizmente, no início desta manhã, houve uma invasão em nossa embaixada. No entanto, as cenas indicam que não foi uma ação organizada ou armada. Com base nas filmagens que revisamos, parece que alguns dos envolvidos eram pessoas comuns."

Novo governo faz promessas

O novo governo da Síria prometeu construir um "Estado livre, justo e democrático" e não perseguir cidadãos, independentemente da filiação que tenham. Como informou o colunista do UOL Jamil Chade, a transição indica que vai levar os autores de anos de repressão à justiça.

A mensagem foi repassada em primeiro comunicado após a queda do regime de Assad. A declaração foi emitida pelo Conselho Nacional de Transição da Síria. "Após longos anos de injustiça, tirania e opressão, e após grandes sacrifícios feitos pelos filhos e filhas desta querida pátria, anunciamos hoje ao grande povo sírio e ao mundo inteiro que o regime de Bashar al-Assad caiu e que ele fugiu do país, deixando para trás um legado de destruição e sofrimento."

Rebeldes chamaram este domingo de "dia histórico" e pediram que o povo sírio siga unido, já que o país "não será monopólio de ninguém, mas uma pátria para todos". "Anunciamos que as forças da revolução e da oposição assumiram o controle dos assuntos na amada Síria e afirmamos nosso compromisso de construir um Estado livre, justo e democrático no qual todos os cidadãos sejam iguais, sem discriminação."

O grupo apresentou as seguintes promessas:

  1. Preservar a unidade e a soberania do território sírio;
  2. Proteger todos os cidadãos e suas propriedades, independentemente de suas afiliações;
  3. Trabalhar para reconstruir o Estado e suas instituições com base na liberdade e na justiça;
  4. Esforçar-se para alcançar uma reconciliação nacional abrangente e retornar os refugiados e pessoas deslocadas para suas casas com segurança e dignidade;
  5. Responsabilizar todos aqueles que cometeram crimes contra o povo sírio, de acordo com a lei e a justiça.

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