Painel da ONU analisa técnicas de manipulação do clima
Pela primeira vez, especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) avaliaram as polêmicas técnicas de manipulação do clima para lutar contra o aquecimento global, como a dispersão de partículas na estratosfera para refletir a luz solar.
O conhecimento científico "ainda limitado impede uma avaliação global quantitativa" das técnicas reunidas sob o termo de geo-engenharia e seu impacto sobre o clima, escreveu o IPCC em um resumo de seu novo relatório adotado nesta sexta-feira (27) em Estocolmo, na Suécia.
"Nós não avaliamos a tecnologia, para saber se ela é possível ou não, nem os aspectos econômicos" , disse à AFP Olivier Boucher, diretor de pesquisa do IPCC e pesquisador do laboratório de meteorologia dinâmica de Paris, na França.
"Mantemos uma abordagem puramente climática: se conseguirmos fazê-lo, qual seria o impacto sobre o clima? Funcionaria? Quais seriam os efeitos colaterais ? ", questiona o cientista, co-autor do capítulo do IPCC sobre as nuvens e aerossóis.
Neste capítulo, foram avaliadas duas técnicas: a injeção de partículas na estratosfera para refletir a luz solar (e, assim, evitar que parte do calor solar atinja a Terra) e a injeção de sal marinho sobre os oceanos para fazer as nuvens mais reflexivas.
"De um ponto de vista puramente climático, a injeção de aerossóis estratosféricos pode, efetivamente, arrefecer o clima, mas sabemos que há um certo número de efeitos colaterais", amplificando, por exemplo, as mudanças nas precipitação em algumas regiões, explica Olivier Boucher.
Outro risco: os cientistas acreditam que, se esta técnica for interrompida depois de um tempo, haveria um aquecimento mais rápido, e potencialmente de maior impacto.
Para os sais marinhos, o pesquisador considera que não há neste momento "garantias que funcione de um ponto de vista climático" , com base em simulações.
O IPCC publicou nesta sexta-feira o resumo do primeiro volume de seu novo relatório, o primeiro desde 2007. Apresentado em quatro partes até outubro de 2014, ele deve atualizar os conhecimentos sobre o aquecimento global.
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