Frio não é o problema: como a seca será a maior preocupação do inverno
Entre altas temperaturas e episódios de friagem, o inverno deste ano terá um denominador em comum: a seca. Especialmente na região sudeste do Brasil, o tempo de estiagem do inverno deve ser ainda mais severo.
O que aconteceu
As regiões Sudeste e Centro-Oeste registram um aumento da seca nos últimos meses — incluindo maio e junho. "Além de chover menos do que o normal, as temperaturas ficaram muito acima do normal. Quando você tem temperatura muito alta, estimula maior evaporação e perda maior de umidade. Assim, a região sudeste ficou como um todo mais seca", explica Josélia Pegorim, da Climatempo. No inverno, é normal que o período seja de estiagem, com poucas chuvas.
Nesta temporada, no entanto, a expectativa é de que o tempo seja ainda mais seco. "Daqui pra frente, até a primavera, esses índices de seca devem se agravar", diz Pegorim.
O Estado do Rio de Janeiro teve um aumento significativo de seca. Segundo Pegorim, a proximidade com o litoral teoricamente ajudaria a relativizar essa seca — mas isso não foi observado. Dados da Climatempo sugerem que o avanço foi de 4% para 42% de seca em todo o território fluminense.
Em São Paulo o aumento foi de 78% para 85%, enquanto as demais áreas tiveram apenas uma pequena elevação.
Quatro unidades da federação tiveram seca em 100% do território em maio deste ano: Acre, Amazonas, Distrito Federal e Roraima. O restante permaneceu estável.
Por que está seco?
Uma das razões é que as águas do Oceano Atlântico estão mais quentes. Com as temperaturas das águas mais altas que o normal, formam-se bloqueios atmosféricos que dificultam a chegada de frentes frias na região. Assim, a massa de ar quente permanece e não chove.
Vivemos um mês de maio e junho com muitos bloqueios atmosféricos. Foram longos e manteve a região com menos nuvens, menos entradas de ar frio e muito sol, o que auxilia na manutenção desse tempo seco
Josélia Pegorim
El Niño já estava enfraquecido, mas dificultou a entrada de novas frentes frias na região. Apesar de já ter entrado em fase de neutralidade nos últimos meses, a presença do El Niño também agravou para a manutenção das massas de ar quente sobre o território brasileiro.
Temperatura do planeta está aumentando. Ondas de calor estão cada vez mais intensas e frequentes. "E 2023 foi um ano recorde de aquecimento global, onde a temperatura média do planeta foi a maior já registrada. Nunca se viu uma atmosfera e um oceano tão quente na história recente."
O que esperar?
Podem ocorrer chuvas, especialmente no litoral, mas elas não serão significativas para diminuir o tempo seco.
Com o tempo seco, há uma possibilidade do registro de focos de fogo aumentarem - inclusive no Pantanal e na Amazônia. "Haverá um alargamento dos focos de fogo mais cedo do que deveria, até porque a vegetação ressecou mais cedo. Mas temos que considerar que os incêndios se dão por alguma ação humana", explica Pegorim.
Só neste primeiro semestre, o Pantanal e Cerrado bateram recordes e registraram a maior quantidade de focos de incêndio desde 1998, início da série história de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre focos de queimadas no país. Na Amazônia, a alta foi de 76% em comparação ao mesmo período no ano passado, depois de dois anos seguidos de baixas, em 2022 e 2023.
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Quero receberHá que ter cuidados redobrados na saúde. A baixa umidade do ar afeta de forma significativa o organismo humano. Garganta irritada, sangramento nasal, doenças respiratórias (como rinite e asma), dor de cabeça, sensação de areia nos olhos e pele ressecada são alguns dos sintomas que podem surgir.
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