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"Obrigação moral" de ser sustentável é oportunidade de negócio, diz Polman

25/11/2020 12h05

Santiago, 24 nov (EFE).- A "obrigação moral" de enfrentar a desigualdade, a pobreza e as mudanças climáticas representa uma "grande oportunidade de negócios", afirmou nesta terça-feira o empresário holandês Paul Polman, defensor de uma economia inclusiva e sustentável.

O ex-CEO da Unilever, considerado um dos principais líderes em sustentabilidade do setor privado, participou, como convidado especial, da apresentação do primeiro relatório de sustentabilidade da empresa internacional de higiene e produtos sanitários Softys, realizado de forma virtual nesta terça-feira devido à pandemia de covid-19.

"Não é possível manter uma empresa funcionando de forma robusta em um mundo de crescente desigualdade e pobreza ou também de mudança climática. A boa notícia é que junto com a nossa obrigação moral de enfrentar esses desafios globais surge uma grande oportunidade para os negócios", explicou Polman.

Nesse sentido, o especialista em marketing internacional e finanças acrescentou que o "objetivo final do negócio" deve ser, "antes de mais nada, servir à sociedade".

No evento, a Softys, que faz parte do grupo CMPC, detalhou os desafios ambientais, sociais, de gestão e de governança enfrentados durante 2019 e o primeiro trimestre de 2020, e destacou as ações mais relevantes que vêm sendo realizadas em cada um dos oito países latino-americanos onde está presente, entre eles o Brasil.

NOVO MODELO DE NEGÓCIO.

Durante sua palestra, Polman, que o jornal espanhol El País chama de "guru do bom capitalismo", defendeu uma transição para um novo modelo de negócios que combata a narrativa "dominante" de crescimento sem fim com uma "economia que funcione para todos dentro dos limites do planeta".

O empresário de 64 anos também lembrou que "nos últimos 30 anos, a maior parte da riqueza ficou retida com uma pequena porcentagem da população, enquanto o resto não vê melhorias".

Segundo ele, para que o capitalismo possa sobreviver, é preciso que este modelo econômico passe a incluir as pessoas e o planeta.

"Precisamos de um novo modelo econômico e de negócios que funcione para todos, baseado não apenas em ser menos pior ou com atos ocasionais de benevolência, mas em negócios que tenham um impacto positivo para sociedade por meio de tudo o que é feito", frisou.

PAPEL DAS MARCAS.

O especialista destacou também a importância de marcas que "ajudam a resolver problemas" para cumprir com o propósito de servir à sociedade e, ao mesmo tempo, ser uma oportunidade de negócio.

Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, "marcas que estão respondendo bem a este novo contexto já conseguiram conquistar novos consumidores, e aquelas que não o fizeram, estão sendo punidas", segundo ele.

"A covid-19 expôs as falhas em nosso sistema e as marcas têm um grande papel a desempenhar. De acordo com uma pesquisa da Edelman, 85% das pessoas querem que as marcas usem seu poder para dar informações sobre o novo coronavírus e sobre como se proteger", afirmou Polman, que recordou uma das ações que a Softys instalou seis máquinas para a produção de máscaras em cinco dos países onde opera para ajudar no combate à pandemia.

"Durante a era covid-19, eles foram capazes de operar seis máquinas de produção de máscaras e de doar mais de 50 milhões de produtos de higiene na região. Não era necessário, mas fizeram isso por causa de seu grande senso de responsabilidade, e queremos agradecê-los por isso", elogiou Polman.

Ele também parabenizou a Softys por seu "compromisso em colocar a sustentabilidade no centro de seus negócios".

RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE.

Este primeiro relatório de sustentabilidade da Softys faz parte do Plano de Sustentabilidade 2020-2023 da multinacional, que segue a mesma linha da Estratégia de Sustentabilidade da CMPC.

Por meio dessa estratégia, os esforços começaram há mais de três anos com a identificação de temas prioritários e áreas de foco em relação a resíduos, água, emissões de gases de efeito estufa e conservação da biodiversidade e ecossistemas, entre outros, segundo o presidente da Empresas CMPC e Softys, Luis Felipe Gazitúa.

Por sua vez, o gerente-geral da Softys, Gonzalo Darraidou, afirmou que este primeiro relatório torna transparente a gestão da empresa e seus desafios em questões ambientais, sociais e de governança, além de revelar que "a sustentabilidade é uma alavanca estratégica para a Softys".