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Ondas de calor se tornaram mais frequentes e longas: por que isso preocupa?

calor; sol; temperatura; aquecimento global; mudança climática; termômetro Imagem: Xurzon/Getty Images/iStockphoto

Colaboração para o UOL*

06/04/2024 04h00

Um estudo recente revelou que as ondas de calor se intensificaram nos últimos 45 anos. O aquecimento global é a principal causa desta mudança.

O que aconteceu

Uma onda de calor é um fenômeno meteorológico caracterizado por um período prolongado de temperaturas excepcionalmente altas em uma região. Geralmente, é causada por uma massa de ar quente e seca e bloqueios atmosféricos.

Ondas de calor mais frequentes e mais longas. O novo estudo, publicado na revista científica Science Advances em março, concluiu que as mudanças climáticas estão fazendo com que as ondas de calor se tornem mais frequentes e mais longas do que há 40 anos. A pesquisa examinou o comportamento das ondas de calor em termos de frequência, intensidade, duração e extensão espacial, ou seja, evolução e propagação.

A pesquisa examinou dados de 1979 a 2020. Notou-se que, desde 1979, as ondas de calor se tornaram 20% mais longas e 67% mais frequentes. Ou seja, a população tem ficado mais tempo exposta a temperaturas extremas.

Diferença entre períodos. Entre 1979 e 1983, as ondas de calor analisadas duravam em média oito dias —com uma média de 75,2 eventos registrados durante o período. Já entre 2016 e 2020, a duração média deste fenômeno passou a ser de 12 dias —com a média de eventos registrados no período subindo para 98,2.

As mudanças se aceleraram principalmente a partir do ano de 1997. Além das causas humanas, o enfraquecimento da circulação do ar na atmosfera superior também pode ter um papel importante na mudança, ainda de acordo com a pesquisa.

Além disso, o estudo também indica que há uma desaceleração global significativa na velocidade de movimento das ondas de calor. Isso pode aumentar ainda mais os impactos negativos desses fenômenos, já que com isso o efeito deles se torna mais longo.

"Isto significa que as ondas de calor contíguas estão a tornar-se mais frequentes, cobrindo áreas maiores e viajando por mais tempo", diz um trecho do artigo.

Estudo trouxe nova perspectiva. Pesquisas anteriores já haviam constatado que as mudanças climáticas estavam deixando os períodos de ondas de calor mais longos, frequentes e intensos. No entanto, o novo estudo se diferencia por levar em conta não somente a temperatura e a área de superfície dos fenômenos, mas também a duração do calor e sua propagação pelos continentes.

Impactos das ondas de calor mais intensas e longas. Como consequência dessas mudanças, especialistas acreditam que os impactos à saúde humana, economia, agricultura e outros pontos serão ainda maiores "se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a aumentar e não forem tomadas medidas eficazes imediatamente."

Papel do aquecimento global

A equipe realizou simulações de computador que mostram que essa mudança se deve justamente às emissões que retêm o calor da queima de carvão, petróleo e gás natural. Os pesquisadores também usaram modelos climáticos para determinar como seriam os resultados na ausência de mudanças climáticas causadas pelo homem.

O estudo detectou a pegada das mudanças climáticas ao simular um mundo sem emissões de gases de efeito estufa. A conclusão foi que, sem a alteração no clima, não haveria as ondas de calor observadas nos últimos 45 anos.

Eles também analisaram as mudanças nos padrões climáticos que propagam as ondas de calor. As ondas atmosféricas que movem os sistemas meteorológicos estão se enfraquecendo e, portanto, não são capazes de mover as ondas de calor com a mesma rapidez, segundo o coautor da pesquisa Wei Zhang, da Universidade Estadual de Utah.

Isso mostra "como as ondas evoluem e se movem em três dimensões e se deslocam por regiões e continentes em locais específicos", explica Kathy Jacobs, cientista climática da Universidade do Arizona que também participou do estudo.

"Uma das consequências mais diretas do aquecimento global é o aumento das ondas de calor", acrescenta Jennifer Francis, cientista do Woodwell Center.

*Com Deutsche Welle

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