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Nadam de cabeça para baixo: conheça os curiosos 'golfinhos panda'

Com coloração preta e branca, o golfinho panda Imagem: Reprodução/Instagram/@capt.darwin

Giovanna Arruda

Colaboração para o UOL

15/12/2024 05h30

Considerada a menor espécie de golfinho, a variação conhecida como "panda" é vista em apenas dois locais no mundo e tem características físicas e hábitos de nado que favorecem a caça.

O apelido 'panda'

A espécie é conhecida pela coloração inusitada. Os golfinhos-de-commerson, conhecidos como "golfinhos panda" (Cephalorhynchus commersonii), recebem este apelido graças às cores preta e branca que carregam no corpo. Com habilidades de manobra e de velocidade, podem nadar em velocidade de até 13 quilômetros por hora.

Comparados às outras espécies de golfinhos, os "pandas" são pequenos. O comprimento fica, em média, entre 1,2 e 1,7 metro, e o peso varia entre 35 e 60 quilos. Segundo dados do SeaWorld, renomada instituição especializada na vida marinha, as fêmeas da espécie são maiores do que os machos, e os filhotes têm somente 55 a 65 centímetros de comprimento. O golfinho-comum-de-bico-curto (Delphinus delphis), a mais comum das espécies, pode chegar a 2,7 metros, podendo ultrapassar os 100 quilos.

Há duas subespécies do "golfinho panda" conhecidas pelos biólogos. A espécie C. c. commersonii pode ser encontrada no sul da América do Sul, enquanto a espécie C. c. kerguelenensis vive nas Ilhas Kerguelen, no Oceano Índico. Segundo o SeaWorld, a subespécie vista em Kerguelen foi iniciada por "alguns indivíduos" de golfinhos há 10.000 anos.

Quando nascem, os "golfinhos panda" não têm a mesma coloração dos adultos. Durante os primeiros meses de vida, os pequenos golfinhos são marrons ou preto e cinza.

A caça e a poluição são as principais ameaças à espécie. A captura ilegal de "golfinhos panda" acontecia especialmente na costa da Argentina. Atualmente ilegal, a prática pode ter comprometido a população da espécie no local. Segundo o SeaWorld, há registros de "golfinhos panda" encontrados com níveis elevados de poluentes industriais, que também podem causar uma queda no número de espécimes.

O nome científico é uma homenagem ao responsável pelo registro de diversos golfinhos panda. O naturalista francês Philibert Commerson observou e descreveu a espécie ao longo de suas expedições.

Coloração e nado são estratégias de caça

Vista em diferentes espécies de animais, a coloração preta e branca pode servir como camuflagem. Além de ajudar no momento da caça, as cores do "golfinho panda" podem ajudá-lo a escapar de eventuais predadores.

Conhecida como countershading (contra-sombreamento, em tradução livre), a tática de sobrevivência faz com que os golfinhos se misturem ao ambiente. Quando visto por baixo, as cores do golfinho se "misturam" com a luz ambiente fora do mar. Quando visto de cima, o animal se mistura com o ambiente escuro abaixo dele, dificultando a identificação por seus predadores

Os golfinhos-de-commerson nadam de cabeça para baixo e também podem se alimentar nesta posição. Nadar de cabeça para baixo pode dar aos golfinhos a vantagem de nadar sob as presas, prendendo o alimento entre seu corpo e a superfície.

Os "golfinhos panda" geralmente caçam em grupo. Eles cercam os peixes e se revezam na passagem para comer suas presas. O grupo pode, também, conduzir os peixes para a costa e se encalhar ali temporariamente para arrebatar o cardume.

"Golfinhos panda". Espécie geralmente caça em grupos, podendo encurralar suas presas Imagem: Divulgação/SeaWorld

Os hábitos alimentares variam de acordo com o local em que vivem. Segundo o SeaWorld, os indivíduos encontrados na América do Sul "parecem ser oportunistas", alimentando-se de várias espécies de peixes, moluscos, crustáceos e invertebrados. Já nas ilhas Kerguelen, os golfinhos têm uma dieta mais "restrita", que consiste principalmente em peixes encontrados em diferentes profundidades do oceano.

Os golfinhos-de-commerson normalmente comem de 3,5 a 6 quilos de comida por dia. Esta é proporcionalmente uma quantidade muito maior do que as baleias assassinas ou os "golfinhos-nariz-de-garrafa" ingerem diariamente, e se deve à sua taxa metabólica, que é duas a três vezes maior do que muitas outras espécies de baleias ou golfinhos. SeaWorld

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