A barricada erguida por Tabata Amaral para defender o seu cesto de votos é tão legítima quanto o movimento que tenta converter os simpatizantes da quarta colocada nas pesquisas em eleitores de Guilherme Boulos. Numa democracia, até o voto errado é útil, pois carrega um fator de aprendizado. Quanto ao voto tático, sua primeira utilidade é oferecer a um candidato em apuros a possibilidade de botar a culpa em alguém. Incomodado com as cobranças de Tabata para que explique suas mudanças de posição em relação a temas como aborto, drogas e Venezuela, Boulos se queixa de falta de sensibilidade para o risco de um segundo turno em São Paulo com dois conservadores, um deles de viés troglodita. "Somos dois candidatos do campo progressista enfrentando dois representantes do bolsonarismo", afirma. Cobra sensibilidade de Tabata, mas sonega a si mesmo uma autocrítica sobre as debilidades de sua campanha. E silencia diante do déficit de Lula na sua campanha. |