Por 2° turno, direita e esquerda abrem 'fogo amigo' sem trégua em Fortaleza
A disputa acirrada por uma vaga no segundo turno da eleição de Fortaleza desencadeou uma intensa troca de ataques entre os quatro primeiros colocados na disputa para ver quem seguirá na disputa para ser prefeito da cidade do Nordeste com a maior população (2,4 milhões, segundo o IBGE).
Entretanto, com dois nomes de cada espectro político, a briga ocorre dentro da esquerda e da direita, com os candidatos mirando o alvo para quem, até outro dia, comungava de ideias mais próximas. É o chamado "fogo amigo".
Eu faço uma metáfora futebolística para falar de Fortaleza, porque temos duas semifinais: uma à esquerda e uma à direita.
Monalisa Torres, cientista e professora da UECE (Universidade Estadual do Ceará)
A "semifinal" da direita é entre André Fernandes (PL) e Capitão Wagner (União Brasil), que trocam farpas e elevaram o tom nos últimos dias de campanha. O mesmo acontece no campo progressista, onde o prefeito Sarto (PDT) e Evandro Leitão (PT) também não se poupam.
Nos dias finais de campanha, houve uma enxurrada de decisões para retirar conteúdos, pedidos de direitos de resposta e até de veto para impulsionamento de conteúdos.
Semifinal à esquerda: Sarto x Evandro
Atrás nas pesquisas, Sarto e Wagner, com menos tempo de propaganda eleitoral obrigatória, usaram suas redes sociais, com posts patrocinados (impulsionados), para atacar adversários.
Sarto é o candidato do país que mais gastou com impulsionamento nas redes sociais da Meta (Instagram e Facebook), patrocinando conteúdos de suas propostas, mas também atacando o candidato petista.
O principal foco é uma negativa de Evandro: quando deputado estadual e líder do governo Camilo Santana (PT), em 2018, ele disse que não iria apoiar uma CPI do Narcotráfico por temer a sua segurança e a de sua família.
No Facebook, o prefeito fez uma série de figurinhas para compartilhar com um porco com placas dizendo: "Leitão não me representa".
Evandro, na campanha, mudou o discurso feito há seis anos e disse que não apoiou a CPI por ela ser "politiqueira". Também voltou o fogo ao prefeito, com foco principal na criação da taxa do lixo, que passou a ser cobrado aos moradores da capital cearense na sua gestão.
PT e PDT estão rompidos no Ceará desde 2022, após 15 anos de parceria entre os partidos na gestão estadual. Em Fortaleza, porém, os partidos disputam o cargo historicamente, mas sempre sem o clima de animosidade visto nessa campanha.
Semi à direita: Wagner x André
Capitão Wagner adotou tática semelhante, buscando atacar André. O principal ponto é a pecha de inexperiente e irresponsável que ele tentou colocar no rival.
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Quero receberWagner lembrou em vídeos que o deputado federal já fez conteúdo ensinando jovens a rasparem partes íntimas e publicou um foto do adversário com um bigode que imita o utilizado por Hitler.
Recentemente, chamou-o de machista ao resgatar um tuíte em que André, para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que "tem jornalista que oferece sexo em troca de matérias".
Nessa eleição, Wagner se coloca como um candidato de centro-direita e tenta atrair também os votos de eleitores mais ligados à direita. "Tem candidaturas que propõem a radicalização", disse, em alguns momentos, referindo-se a André.
André, que se considera "bolsonarista raiz", criticou na campanha o fato de Wagner ter "escondido" o ex-presidente quando ele foi o candidato à direita ao governo do Ceará, em 2022.
Sobre os vídeos, disse que eles foram feitos quando era um adolescente imaturo e se mostrou decepcionado com o ex-parceiro. Afirmou que esperava isso de todos os candidatos, menos de Wagner.
"Pegar vídeos meus de brincadeiras na adolescência, editar, cortar e me atacar tentando me associar à cocaína?", questionou, sobre um vídeo em que aparece cheirando sal. "O sentimento que eu tenho no momento é de estar sendo apunhalado pelas costas."
Pesquisas apontam 2º turno PT x PL
As últimas pesquisas mostram que, apesar de terem largado atrás, André e Evandro são hoje os favoritos para chegarem ao segundo turno. No último Datafolha, eles aparecem à frente dos outros candidatos, já descontada a margem de erro, que é de três pontos percentuais.
- André Fernandes: 27%
- Evandro Leitão: 25%
- Capitão Wagner: 17%
- Sarto: 15%
André e Evandro contam com apoios próximos de Bolsonaro e Lula, respectivamente. Evandro ainda tem ao seu lado o ex-governador Camilo Santana, considerado o nome mais forte da política local, e o governador Elmano de Freitas (PT).
No caso de Sarto, os apoios mais fortes foram do ex-prefeito Roberto Claudio e do ex-governador Ciro Gomes (ambos do PDT) — esse que sequer aparece nas redes sociais do prefeito.
Wagner começou com larga vantagem à frente. Sem apoios, porém, amargou uma queda nas pesquisas.
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